quinta-feira, 31 de maio de 2012

Quando somos frutos do milagre da vencibilidade da DISCRIMINAÇÃO RACIAL..Uma história verídica afetiva...




Meu Pai seu João e sua Bíblia Mágica...Minha mãe Dona Maria e seu olhar singelo e espirituoso..
Meu irmão e minha sobrinha....E eu lendo sobre os INTERNATIONALEN FERIENKURSE FÜR NEUE MUSIK DARMSTADT  1946-1966 -Rombach Editora (volume III de quatro volumes...texto em alemão)...Itaperuna..Pausa para a benção espiritual\manual \nietzscheana.....Tijolão do São Nietzsche tava ali do ladinho também....rs....

        Hoje tive a oportunidade de conversar com uma professora de ensino primário, sobre a questão do preconceito demonioso às religiões afros entre as crianças de ensino fundamental e afins. Tal professora também é de raiz cristã e ainda tem seus receios com relação à macumba, candomblé, umbanda e afins. Eu contei a história da minha mãe:
Minha mãe é de raiz portuguesa e meu avô adestrou minha mãe, minhas tias e tios alegando que gente preta são tudo bando de encapetados, sujos, de terceira categoria e afins. Daí minha mãe cresceu odiando os negros. Ela teve a oportunidade de sair da roça e veio morar no Rio para trabalhar e estudar. Ela foi estudar teologia no IBER (atual CIEM) que é uma Instituição da denominação Batista para preparo de mulheres para o serviço catequético missionário. Como complementação dos estudos e ganha pão (pois ela era pobre e sempre tava dura, dura), ela precisava estagiar em igrejas nas comunidades carentes. O IBER designou-a para trabalhar na favela do Jacarezinho (isso lá por meados dos anos 70...Magali mãe do Léo Cunha regia o coro do IBER disse minha mãe)...Minha mãe disse que lá só tinha PRETOS...muitos negões e negonas...Aqueles irmãozinhos afros e humildes, convidavam ela para almoçar na casa deles. Minha mãe disse que às vezes, a barriga roncava de fome, a comida era cheirosa e aparentava ser muito gostosa, mas quando ela sentava na mesa com aquela tropa de negões amorosos e famintos, a fome desaparecia milagrosamente e um nojo se instalava mentalmente. Após a oração de gratidão pelo maná precioso, eles pediam a ela para se servir, e ela sempre inventava uma desculpa que tava com mal estar, ou isso e aquilo e recorria fugaciosamente a santa coca cola. Disse ela, que quando ia almoçar em casa de pessoas diferentes, dava para disfarçar, mas repetia o mesmo procedimentos com variações e fuga, mas e quando tinha que repetir numa casa que já havia convidado-a outrora¿ Haja criatividade..Todo mundo começou achar estranho o comportamento daquela missionária que falava de Jesus, etc, mas que não comia a comida deles...Isso começou a pegar mal...Minha mãe disse q recebeu insights espirituais que apontavam que havia alguma coisa errada ali, mas pedia que Deus tirasse aquele nojo, aquele ódio contra os negros fruto da catequese colonialista de meu avô já falecido nos anos 80.  Deus resolveu tudo, colocando um NEGÃO  (meu pai) na fita dela. Na cara de pau africãnica, ele pediu ela em namoro numa daquelas românticas noites de sextas-feiras onde o IBER abria as portas para pastores aspirantes a Don Ruans que se aproximavam galanteanamente para fisgar afetivamente aquelas carentes e fogocentes mulheres convencionais\confessionais. Minha mãe aceitou, mas recusou, porém, meu pai malandro, deu um gelo daqueles bem gélidos e sumiu do mapa...6 meses depois, aquela branca baixotinha, tava doida atrás do paradeiro daquele negão amoroso, espirituoso e suruboso. Casaram-se fogociosamente e eu nasci fruto de energizações e ebulições frenéticas, sexuais, afetivas, sinistras e esquisitas. Um menino vos nasceu, e um Joe Black que se vos deu (e ele vai será incomodado e incomodante), assim disse o Senhor dos Milagres.
        Porque boa parte dos cristãos (incluindo os evangélicos) sempre demonizaram e criminarizam espiritualmente os orixás, macumbeiros, pais e mães de santo, umbandistas, candomblecistas e outros segmentos afros sem argumentos ou argumentos nunca convincentes? É fácil entender....Porque toda estrutura catequética católica e protestante, tem pano de fundo de colonizadores, portanto, ela foi idealizada para desde as classinhas de EBD, EBF, Primeira Comunhão, etc, adestrarem as crianças auditivamente a demonizarem tudo que é divindade dos negros em nome de uma estrutura judaico-cristã. As crianças crescem ouvindo isso e se tornam adolescentes, jovens, se tornam adultos, casam, tem filhos (os filhos repetem as mesmas coisas em forma de clichês) e continuam vendo demônios através das realidades psíquicas criadas estrategicamente\retoricamente\doutrinariamente pelos catequizadores que estão à serviço de um Sistema Colonizador que se utiliza do Nome de Deus para expulsar tudo aquilo que é pureza, espiritualidade pela ancestralidade afro...
        É necessária muita paciência, desconfiança e vontade de querer mudar para a gente passar a ver divindades nas manifestações vistas outrora como demonicidades e periculosidades espirituais. Eu falei para minha mãe que o mesmo Insight desconfioso que ela teve quanto à discriminação racial, ela precisaria ter para interligar essa experiência intuitiva ao âmbito doutrinário religioso que utiliza a mesma estratégia....É tudo farinha do mesmo saco...Graças a Deus eu tive esse Insight na vida...Se meus pais não tiverem, até eles falecerem,  sem problemas, pois pelo menos, eles venceram o demônio da discriminação racial (que foi um grande passo evolutivo)...Ser Forte é ser forte no limite, pois o que passar deste limite, poderá ser prejudicioso e não edificoso (eles já fizeram a parte deles...o resto é comigo)....A discriminação religiosa (Unilateralidade XIITA RELIGIOSA) e discriminação sexual (marcado por  um Reino Deus exclusivamente heterossexual) já foi vencida por mim...Espero que meus filhos, continuem a desbravar rompendo as fronteiras e barreiras pela divindade da diversidade acolhetiva.
 Um abraço caloroso e jubiloso...
Joe..fruto de um milagre da vencibilidade racial

Nenhum comentário:

Postar um comentário