sexta-feira, 18 de maio de 2012

Gustav Mahler: um coração angustiado – Uma biografia em quatro movimentos


Gustav Mahler: um coração angustiado – Uma biografia em quatro movimentos

Book Trailer

O livro Gustav Mahler: um coração angustiado do poeta, escritor, ensaísta, crítico musical e psicanalista Arnoldo Liberman, autor de várias obras e que atualmente reside na Espanha, não é exatamente uma biografia no sentido convencional do termo. O próprio autor declara não ter intenção de rivalizar com a obra de Henry-Louis de La Grange, “Gustav Mahler”, considerada por ele como a biografia definitiva desse compositor.
A inspiração do livro decorre da admiração, do respeito e do amor que o autor dedica a Mahler. É movido por esses sentimentos que Liberman constrói a estrutura de seu livro – traduzido por Cristina Antunes – e, tal qual uma sinfonia, é dividido em quatro movimentos que, no final, fecham-se num posfácio.
Seguindo um caminho não exatamente preocupado com a ordem cronológica ou a enumeração de dados biográficos, o autor vai sutil e sistematicamente levando o leitor – seja ele conhecedor ou não de música clássica ou da obra de Mahler – a aprofundar-se na alma do homem, do músico, no seu modo de ver o mundo, seus constantes questionamentos e dúvidas, suas paixões e explosões de humor, seu processo criativo, suas sinfonias, sua vida familiar, posições políticas e seu percurso até chegar a diretor da Ópera de Viena, cidade onde viveu boa parte de sua vida e lugar onde parece ter nascido “todo o século XX”, abrigando grandes nomes do mundo da música (Brahms, Anton Bruckner, Arnold Schönberg, Alban Berg, Bruno Walter), das artes plásticas (Gustav Klimt, Kolo Moser, Carll Moll, Egon Schiele, Oskar Kokoschka), da psicanálise (Sigmund Freud), da filosofia e da linguística (Mach, Schlick, Carnap e Wittgenstein), da literatura (Franz Kafka, Richard Dehmel, Peter Altemberg, Rainer Maria Rilke e Karl Kraus), todos personagens cujos caminhos entrecruzaram-se de uma forma ou de outra nessa história.
Através da citação de inúmeros trechos de cartas trocadas entre Gustav Mahler e seus amigos, seus mestres e, principalmente, Alma Mahler, sua mulher e grande amor, o leitor é levado a mergulhar no universo mahleriano de uma forma tão vívida e tão íntima que só pode ser medida por cada leitor individualmente.
Trata-se de um livro fascinante e apaixonado, que permeia questões filosóficas, psicológicas, comportamentais, sociais e políticas do nascimento do século XX ao mesmo tempo em que
retrata belamente a vida do grande compositor, um “homenzinho de pequena estatura e vasta 
cabeleira negra, castigado pelo destino e duramente perseguido pelos críticos da época, em especial pelo fato de ser judeu”. Não é a toa que esse homem chegou a declarar e indagar um dia: “Fui três vezes exilado: boêmio para os austríacos, austríaco para os alemães e judeu para todo o mundo. Em todos os lugares, um intruso?” Apesar de tudo isso, Mahler sempre manteve seu olhar voltado para o futuro. E não se enganou: seu tempo é hoje.


Arnoldo Liberman nasceu em 1933, em Concepción del Uruguay, na Argentina. É médico e trabalha com orientação psicanalítica. É também ensaísta sobre temas literários (Machado, Kafka, Mahler, Chagall, Sábato, Miguel Hernández, Charles Chaplin) e poeta, além de ter produzido ensaios sobre experiências comunitárias, psicoterapias grupais e problemática da identidade. É colaborador dos Cuadernos Hispanoamericanos e da revista de crítica literária Nueva Estafeta, ambos editados em Madri, onde mora atualmente. Em novembro de 1981, Liberman recebeu a menção honrosa do Prêmio Jano Medicina e Humanidades (Barcelona), com o Primeiro movimento deste livro sobre Gustav Mahler.

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