“[...] Acredito
na imortalidade: não na imortalidade pessoal, mas na cósmica. Continuaremos
sendo imortais, para além da nossa morte física fica nossa memória, e para além
da nossa memória ficam nossos atos; nossos feitos, nossas atitudes, toda essa
maravilhosa parte da história universal, mesmo que não o saibamos, é melhor que
não saibamos”.
Jorge Luis Borges. Borges oral & sete noites.
Tradução: Heloísa Jahn. São Paulo: Companhia Das Letras, 2008, página 35 (LITERATURA ARGENTINA)
“Pensamos que,
se um tempo é infinito, creio eu, esse tempo infinito tem de abarcar todos os
presentes e, em todos os presentes [...]. Se o tempo é infinito, em qualquer
instante estamos no centro do tempo. Pascal acreditava que, o universo é
infinito, é uma esfera cuja circunferência está em todos os lugares e o centro
em nenhuma. Por que não dizer que este momento tem atrás de si um passado
infinito, um ontem infinito, e por que não pensar que esse passado também passa
por este presente? Em todos os momentos estamos no centro de uma linha
infinita, em qualquer ponto do centro infinito estamos no espaço, já que o
espaço e o tempo são infinitos. Os budistas acreditam que vivemos um número
infinito de vidas, infinito no sentido de número ilimitado, no sentido estrito
da palavra, um número sem princípio nem fim, algo como um número transfinito da
matemática moderna de Kantor. Neste momento estamos num centro – todos os
momentos são centros – desse tempo infinito”.
Jorge Luis Borges. Borges oral & sete noites.
Tradução: Heloísa Jahn. São Paulo: Companhia Das Letras, 2008, páginas 29 e 30
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