[...] É provável
que todo escritor que trabalhe em graus diferentes de entrega, atendendo a um e
outro leitor, em ondas sutis, talvez mais pelo acaso da criação que por uma
suposta consciência determinante ou uma escolha objetiva. Enfim, pensar a
literatura é pensar o seu leitor, ou mais propriamente os seus leitores-nós
mesmos, e os que espiam pelo nosso ombro, em segredo, o que escrevemos. O
desejo de agradar a esses olhos, ou apenas a sombra às vezes hostil a este
desejo, também move (às vezes perigosamente) a nossa mão.
CRISTOVÃO TEZZA.
O espírito da prosa: uma autobiografia. Rio de Janeiro\São Paulo: Editora
Records, 2012, página 61.
Com marcantes passagens autobiográficas,
Tezza, em um ensaio não acadêmico, investiga a sua formação de escritor e o que
fazia a cabeça de sua geração, nos tumultuados e transformadores anos 60 e 70.
Ele examina o impacto de certos autores na sua visão literária, o imaginário
utópico daquele tempo, o peso da influência acadêmica no ideário estético dos
anos préinternet e suas consequências na prosa brasileira.
Enfrentando as variáveis existenciais que marcaram sua vida, Tezza mergulha no processo de criação, tentando responder a pergunta que muitos leitores e aspirantes a escritores se fazem: o que leva alguém a escrever?
Enfrentando as variáveis existenciais que marcaram sua vida, Tezza mergulha no processo de criação, tentando responder a pergunta que muitos leitores e aspirantes a escritores se fazem: o que leva alguém a escrever?
Cristovão Tezza (1952, Lages, Santa
Catarina) é escritor,
professor da Universidade Federal do Paraná e
colaborador da Folha de S.Paulo e da revista Veja. Em 2007 publicou O filho eterno,
romance baseado na relação com um de seus filhos, que tem síndrome de Down. O
livro recebeu os prêmios Portugal Telecom, Bravo! e Jabuti de 2008, foi
publicado na Itália e será traduzido para inglês, francês e espanhol. Há mais
de trinta anos em Curitiba, o escritor elegeu a cidade como pano de fundo de
seus romances, caso de Trapo (1988), seu livro de estreia, e de O fotógrafo
(2004). Este livro, que conta as histórias interligadas de cinco personagens
durante um único dia, venceu o Bravo! e o prêmio da Academia Brasileira de Letras.
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