Hoje é um dia muito especial para mim,
pois é o dia que tenho a honra de homenagear uma mulher que eu sou fã, no
entanto, devo esclarecer, que meu fanatismo por ela é algo super saudável,
porque foi fruto de um acaso bem acasual mesmo. Hoje é o aniversário da
magrinha Andrea França (professora do departamento de cinema na PUC-RIO).
Durante o ano de 2008, eu visitei semanalmente,
sistematicamente pesquisativamente e fuçativamente a Maison de France para ler
livros em português e\ou francês, pegar livros emprestados ou fazer empréstimos
de DVDs, pois eu aspirava ser adestrado cinematograficamente pela filmografia
francesa. Num belo dia, eu peguei a Trilogia das Cores do diretor polonês
Krzysztof Kieslowski. Assisti os 3 filmes da trilogia: A Igualdade é Branca, A
Liberdade é Azul e a Fraternidade é Vermelha (Trois Couleurs \Trois Couleurs
Bleu\Rougue,etc...os títulos originais fazem mais sentido convergentemente a
proposta dos filmes). Eu e meu companheiro de quarto Samuel D´Pádua assistimos
tudo com muita atenção no alto da Colina no Palace XIX no internato da FABAT.
Eu tenho a curiosa e lúcida mania de investigar o que tem nos EXTRAS de dos DVDs,
pois eles são como notas de rodapé, por isso, vasculho tudo atrás de pérolas
preciosas nos bastidores do solo epistêmico informacional. Pum!!!!!!!!! Dei de
cara com uma tal de Andrea França. Cliquei e comecei a ouvir aquela morena
magrinha falando sobre a trilogia....Ela falava rápido, gesticulava prá
caramba...olhava sério para a câmera mas não parava de emitir informações
profundas e cuidadosas sobre a convergência dos três filmes e sobre a ideia de
ACASO que percorre todos os três filmes...O Acaso...Acaso..Acaso... O Samuca
falou: Joe! Precisamos assistir tudo novamente, porque está mulher tirou coisas
que eu nunca imaginava que pudesse haver no filme...Passamos lotados...Lá fomos
nós re-assistir tudo novamente. Depois foi a vez de eu assistir o Decálogo do
mesmo diretor, abordando sobre os 10 mandamentos da Bíblia. Zizek escreveu no
livro “Ensaios sobre o cinema Moderno” que Kieslowski trabalhou com os
mandamentos deslocados...
Após assistir os filmes do polonês,
fiquei curioso e com vontade de conhecer a Andrea França nos labirintos e
estradas aleatórias da vida...Num belo dia, fui fazer uma disciplina de cinema
e educação com a Profª Drª Adriana Fresquet, e ela nos intimou a irmos num
colóquio de cinema (Não sei o que do REAL..sei lá..esqueci) na FE-UFRJ, porque
ela disse que o guru Prof. Dr. Ismail Xavier estaria lá (depto de cinema da
USP). Quando eu cheguei no salão e peguei a programação, vi que a Andrea França
iria falar as 13h naquele mesmo dia. Fiquei de plantão, almocei correndo e
Tum.....tava lá eu marcando presença. Quando acabou, fui o primeiro a cercá-la
e dizer: “Parabéns...Vc é uma metralhadora epistêmica (cabeçona). Eu te conheci
pelos EXTRAS do DVD da trilogia das cores. Eu queria ser teu aluno ouvinte se
você me aceitar.” Ela disse: Eu e a Profª Drª Consuelo Lins iremos ministrar\lecionar
uma disciplina sobre Cinema e Cultura de Massas aqui mesmo na Pós-Graduação da
ECO-UFRJ e você pode participar. No mesmo dia, lá estava eu assistindo aula
como aluno. Fiquei um semestre assistindo aquela disciplina. Me lembro de ter
faltado apenas duas vezes. Aprendi sobre Didi-Hubermann, Walter Benjamin,
Jonathan Crary (técnicas do observador), etc...Lá só rolava textos em inglês e
francês e a gente tinha que se virar...Conheci a diva professora França ouvindo
ela mencionar a palavra ACASO no DVD e foi através desta palavra ACASO que me
aproximei dela e estudei com ela. Devo registrar que, posteriormente, em 2011,
através do apoio da Consuelo Lins, da Andrea França e da Adriana Fresquet, pude
pesquisar de forma livre usando o acervo cinematográfico do CCBB...Dias
inesquecíveis de cabine e muuuuitos filmes...manhã, tarde e noite as vezes...Vi
filmes Godard, Nani Moreti, Truffaut, Eisenstein, Rosselini, Francesco Rosi,
Joaquim Pedro de Andrade, Sergio Bianchi, Ozu, Kurosawa, Almodóvar, Bergman,
Hitchcock, Bunuel, Eduardo Coutinho e muitos outros excelentes diretores...
Querida Andreia, desejo tudo de bom para você neste dia singelo em que sua memória involuntária escava as profundas profundezas do teu eu profundo para resgatar, trazendo à tua superfície por profundidade todas as coisas boas que marcaram a tua trajetória no fluxo feminino de Ser-estar-aí-no-mundo. Que você seja possessa pelas forças divivas, pois elas te trarão paz, alegria, magia e encantamento. Você é uma excelente professora, portadora de simplicidade inteligente e animosidade convincente.
Bjão para você e
tudo de bom...PARABÉNS e FELIZ ANIVERSÁRIO.
Teu aluno e fã, Joe
Bjão para você e
tudo de bom...PARABÉNS e FELIZ ANIVERSÁRIO.
Teu aluno e fã, Joe
Oráculo de Aniversário (Por Vinícius de Moraes)
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
... Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
(Vinicius de Moraes)
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
... Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
(Vinicius de Moraes)
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