Quem matou Pasolini? Um prostituto
homofóbico ou um grupo de fascistas? Um bando de marginais ou agentes da polícia
secreta? Perguntas que permanecem irrespondidas. Dado por encerrado, o caso foi
reaberto 30 anos após a condenação do único assassino confesso, com sua súbita
revelação de que, ao contrário do que sempre afirmara, não fora o único a matar
o poeta. Com a nova versão de Pelosi, as últimas e mais absurdas teorias sobre o
crime concebido pela vítima como "rito cultural" caem por terra.
Definitivamente, Pasolini não precisava dessa morte para inscrever-se entre os
maiores poetas do século XX.
Resgatar o escritor italiano do peso
sensacionalista que se abateu sobre sua produção e vem soterrando-a sob a massa
de uma visibilidade escandalosa é o que Luiz Nazario faz no presente livro em
que afloram, em suas reais dimensões, todos os corpos de Pasolini. Sua pesquisa,
informação, avaliação e interpretação percorrem o corpus imenso das obras
completas de um inesgotável universo artístico: mais de 16 mil páginas de
poemas, romances, contos, crônicas, ensaios, peças, roteiros e cartas, ao lado
de 26 filmes, e traduções, desenhos, pinturas, músicas, entrevistas e
performances o compõe. Sua riqueza é tão fascinante que os dicionários do futuro
estarão incompletos se não incorporarem o adjetivo pasoliniano para definir uma
estética de sacralização dos corpos populares, uma moral radicalmente humanista,
uma erótica avessa aos disfarces e um estilo de vida libertário, que alimentaram
a busca e a arte de Pasolini.
Editora Editora Perspectiva - Idioma Português - Edição 2007
Luiz Nazario nasceu em São Paulo, de origem italiana, estudou na
Alemanha e em Israel, doutorando-se em História, pela USP, com a tese
Imaginários da Destruição - O papel do cinema na preparação do Holocausto, sob a
orientação de Anita Novinsky.
Crítico e escritor, com ampla
colaboração na imprensa, publicou diversos livros, entre os quais Da natureza
dos monstros (São Paulo: Arte & Ciência, 1999), As sombras móveis (Belo
Horizonte: UFMG/midia@rte, 1999) e Segredos (Belo Horizonte: Memória Gráfica,
2001). Professor de Cinema da Escola de Belas Artes, da UFMG, dirigiu os filmes
Sexo-verdade (2000), Desdobraduras (2000), Debate (2001) e Prisioneiros do
Planeta Ornabi (2002).
Coordenou o projeto Animação
Expressionista, com o apoio da FAPEMIG, CAPES e CNPq, tendo concluído, com uma
equipe de animadores da EBA, os curtas A flor do caos (2001) - Prêmio Projeto
Experimental da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte;
e Selenita acusa! (2001) - Prêmio Estímulo da Associação Curta Minas/Cemig.
Também coordenou o Grupo de Pesquisa da Discriminação, com dados coletados e
publicados anualmente, desde 1995, no relatório Anti-Semitism Worldwide, da Tel
Aviv University; e o Grupo de Estudos Pasolinianos, desenvolvendo o projeto Pier
Paolo Pasolini: Vida e Obra, dentro de um convênio da UFMG com a Università
degli Studi di Bologna.
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