Viveram lado a lado desde o primeiro instante, como gêmeos no útero materno. Não precisaram fazer pactos de amizade como costumam fazer os garotos dessa idade que se lançam com paixão e ostentação a rituais ridículos e solenes, dessa forma inconsciente e grotesca com que o desejo se manifesta entre os homens, quando decidem pela primeira vez arrancar do resto do mundo o corpo e a alma de outra pessoa para possuí-la com exclusividade. O sentido do amor e da amizade estava todo ali. A amizade deles era séria e silenciosa como todos os grandes sentimentos destinados a durar uma vida inteira. E como todos os grandes sentimentos, também continha certa dose de pudor e culpa. Ninguém pode se apropriar impunemente de uma pessoa, subtraindo-a de todas as outras”.
Sándor Márai. Livro As Brasas. Companhia Das Letras
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