Aproveitem e leia o artigo (crítica) do José Carlos Avelar (excelente texto)
Schroeter: cinema e paixão – por José Carlos Avellar
Retrospectiva Werner Schroeter
Filme
9 a 22 de agosto de 2013
Instituto Moreira Salles
R. Marquês de São Vicente, 476 - Gávea
Legendas em português
R$ 16,00 / R$ 8,00 / Passaporte para 10 sessões R$ 40,00
Tel.: +55 21 3284 7400
Schroeter é o Cocteau
do nosso tempo." O cinema de Werner Schroeter é pura magia, cria-se um
novo mundo, um novo tempo, cheio de artifício e beleza. Imagens do reino
imaginário onde tudo é permitido. Magic Werner, Magic Cinema." Libération
4/9/2008
"Você faz, ou você não faz" é um
comentário de Werner Schroeter a uma entrevista dada para o jornal alemão
Berliner Zeitung que resume, em poucas palavras, uma ideia de cinema que surgiu
no final dos anos 60 no chamado Novo Cinema Alemão. É o espírito onde surgiram
os corifeus mais conhecidos deste Novo Cinema Alemão como Werner Herzog, Rainer
Werner Fassbinder, Wim Wenders, Volker Schlöndorff, e entre eles, desde o
início, Werner Schroeter. Foi naquela época que se manifestou uma ruptura
brusca da forma como era feito cinema até então: o diretor virou o autor dos
seus filmes, o foco do interesse não era mais o aspecto comercial dos filmes,
mas a questão social e política, o esforço era distanciar os filmes da ideia de
investimento e retorno financeiro, com o objetivo de garantir o máximo de
liberdade ao cineasta. Filmes não deveriam mais simplesmente entreter o
público, mas estimular discussões sociais e políticas. De fato, no início,
muitos filmes foram realizados com um orçamento baixíssimo, muitas vezes movidos
somente pelo idealismo e pela convicção dos cineastas e as suas equipes. Nasceu
um novo cinema de autor na Alemanha.
Werner Schroeter nasceu em 1945, na Alemanha.
Começou a fazer filmes de forma autodidata no final dos anos 60, com filmes
experimentais feitos em super 8 e 16mm. O primeiro longa-metragem que despertou
interesse da crítica e do público foi ‘Eika Katappa’ que recebeu um prêmio no
festival de Mannheim em 1969. Em 1972, seu filme ‘Der Tod der Maria Malibran’
foi convidado a participar da documenta em Kassel. A partir dos anos 70,
paralelamente às suas produções para o cinema, Werner Schroeter começou a
encenar espectáculos de ópera e de teatro no mundo inteiro.
Até a sua morte em 2010, seus filmes participaram
em todos os grandes festivais internacionais: em 1980, ‘Palermo oder Wolfsburg’
ganhou o "Teddy Award" do Festival de Berlim, participou na
Competição do Festival de Cannes com ‘Tag der Idioten’ (1982) e ‘Malina’
(1991). Ganhou prêmios no Festival de Rotterdam e na Mostra de São Paulo, de
1983, o prêmio dos críticos para ‘Liebeskonzil’. Seu último filme, ‘Nuit de
chien’ com Isabel Huppert, foi convidado para a competição do Festival de
Veneza em 2008, recebendo o prêmio especial pela coleção de suas obras
cinematográficas. Um de seus últimos prêmios foi o "Teddy Award" do
Festival de Berlim em 2010, honrando-o como um ‘experimentador radical’. Werner
Schroeter morreu em 2010 deixando uma filmografia de 40 obras entre curtas e
longas-metragens e documentários. O Centre Pompidou dedicou uma retrospectiva
completa a Werner Schroeter de dezembro de 2010 a janeiro de 2011.
Embora o cinema de Werner Schroeter tenha nascido
no espírito do Novo Cinema Alemão e tenha feito parte deste movimento desde o
início, seu estilo o diferencia dos outros cineastas do Novo Cinema Alemão.
Schroeter criou uma estética própria que é marcante em todos os seus filmes,
sejam de ficção ou documentários, o que o deixou numa posição marginal dentro
do Novo Cinema Alemão. As suas obras são radicais, principalmente na linguagem
cinematográfica. Amante de óperas, Schroeter usa imagens extremamente
estilizadas e iconográficas, sua linguagem é opulenta, expressionista, as obras
rigorosamente obedecem a um ideal artístico e são tão inovadoras quanto
provocadoras. O estilo dos seus filmes indica a paixão que ele teve pela ópera
e pelo teatro, e mesmo seus documentários misturam sequências de documentação
com sequências de cenas ficcionais expressivas. Em relação ao cinema narrativo
de outros cineastas do Novo Cinema Alemão como Fassbinder, Wenders, Herzog, a
linguagem cinematográfica de Schroeter consiste em imagens mais formais, mais
estilizadas, com rupturas na narração linear, o que faz seu estilo ser único
dentro do Novo Cinema Alemão.
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário