quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Retrospectiva Werner Schroeter (cinema alemão) 9 a 22 de agosto de 2013-Instituto Moreira Salles


Aproveitem e leia o artigo (crítica) do José Carlos Avelar (excelente texto)

Schroeter: cinema e paixão – por José Carlos Avellar


http://www.blogdoims.com.br/ims/schroeter-cinema-e-paixao-%E2%80%93-por-jose-carlos-avellar/



Retrospectiva Werner Schroeter

Filme
9 a 22 de agosto de 2013
Instituto Moreira Salles
R. Marquês de São Vicente, 476 - Gávea
Legendas em português
R$ 16,00 / R$ 8,00 / Passaporte para 10 sessões R$ 40,00
Tel.: +55 21 3284 7400


Schroeter é o Cocteau do nosso tempo." O cinema de Werner Schroeter é pura magia, cria-se um novo mundo, um novo tempo, cheio de artifício e beleza. Imagens do reino imaginário onde tudo é permitido. Magic Werner, Magic Cinema." Libération 4/9/2008
"Você faz, ou você não faz" é um comentário de Werner Schroeter a uma entrevista dada para o jornal alemão Berliner Zeitung que resume, em poucas palavras, uma ideia de cinema que surgiu no final dos anos 60 no chamado Novo Cinema Alemão. É o espírito onde surgiram os corifeus mais conhecidos deste Novo Cinema Alemão como Werner Herzog, Rainer Werner Fassbinder, Wim Wenders, Volker Schlöndorff, e entre eles, desde o início, Werner Schroeter. Foi naquela época que se manifestou uma ruptura brusca da forma como era feito cinema até então: o diretor virou o autor dos seus filmes, o foco do interesse não era mais o aspecto comercial dos filmes, mas a questão social e política, o esforço era distanciar os filmes da ideia de investimento e retorno financeiro, com o objetivo de garantir o máximo de liberdade ao cineasta. Filmes não deveriam mais simplesmente entreter o público, mas estimular discussões sociais e políticas. De fato, no início, muitos filmes foram realizados com um orçamento baixíssimo, muitas vezes movidos somente pelo idealismo e pela convicção dos cineastas e as suas equipes. Nasceu um novo cinema de autor na Alemanha.
Werner Schroeter nasceu em 1945, na Alemanha. Começou a fazer filmes de forma autodidata no final dos anos 60, com filmes experimentais feitos em super 8 e 16mm. O primeiro longa-metragem que despertou interesse da crítica e do público foi ‘Eika Katappa’ que recebeu um prêmio no festival de Mannheim em 1969. Em 1972, seu filme ‘Der Tod der Maria Malibran’ foi convidado a participar da documenta em Kassel. A partir dos anos 70, paralelamente às suas produções para o cinema, Werner Schroeter começou a encenar espectáculos de ópera e de teatro no mundo inteiro.
Até a sua morte em 2010, seus filmes participaram em todos os grandes festivais internacionais: em 1980, ‘Palermo oder Wolfsburg’ ganhou o "Teddy Award" do Festival de Berlim, participou na Competição do Festival de Cannes com ‘Tag der Idioten’ (1982) e ‘Malina’ (1991). Ganhou prêmios no Festival de Rotterdam e na Mostra de São Paulo, de 1983, o prêmio dos críticos para ‘Liebeskonzil’. Seu último filme, ‘Nuit de chien’ com Isabel Huppert, foi convidado para a competição do Festival de Veneza em 2008, recebendo o prêmio especial pela coleção de suas obras cinematográficas. Um de seus últimos prêmios foi o "Teddy Award" do Festival de Berlim em 2010, honrando-o como um ‘experimentador radical’. Werner Schroeter morreu em 2010 deixando uma filmografia de 40 obras entre curtas e longas-metragens e documentários. O Centre Pompidou dedicou uma retrospectiva completa a Werner Schroeter de dezembro de 2010 a janeiro de 2011.
Embora o cinema de Werner Schroeter tenha nascido no espírito do Novo Cinema Alemão e tenha feito parte deste movimento desde o início, seu estilo o diferencia dos outros cineastas do Novo Cinema Alemão. Schroeter criou uma estética própria que é marcante em todos os seus filmes, sejam de ficção ou documentários, o que o deixou numa posição marginal dentro do Novo Cinema Alemão. As suas obras são radicais, principalmente na linguagem cinematográfica. Amante de óperas, Schroeter usa imagens extremamente estilizadas e iconográficas, sua linguagem é opulenta, expressionista, as obras rigorosamente obedecem a um ideal artístico e são tão inovadoras quanto provocadoras. O estilo dos seus filmes indica a paixão que ele teve pela ópera e pelo teatro, e mesmo seus documentários misturam sequências de documentação com sequências de cenas ficcionais expressivas. Em relação ao cinema narrativo de outros cineastas do Novo Cinema Alemão como Fassbinder, Wenders, Herzog, a linguagem cinematográfica de Schroeter consiste em imagens mais formais, mais estilizadas, com rupturas na narração linear, o que faz seu estilo ser único dentro do Novo Cinema Alemão.
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