Por www.joevancaitano.blogspot.com (HARMONIAS E HERESIAS)
“A canção é o sino da memória”
(Wynton Marsalis-trompetista de jazz).
“Não há como fugir de ontem
porque ontem nos deformou, ou foi por nós deformado” (Beckett sobre Proust).
Dentro da palavra LOUCURA está
a palavra CURA (Dr Luiz Longuini Neto).
1. Dia 12 de fevereiro de 2000 eu desembarcava na cidade
maravilhosa e fui encaminhado diretamente para o Palace XIX. Não havia
fechaduras na porta do meu quarto, na verdade, mal eu sabia que aquilo era pura
sacanagem estratégica da administração para facilitar o acesso dos veteranos e
atiçar meu tormento típico de calouro. Na primeira noite eu rodei legal nos
trotes, aliás, nem meu pai, um coroa sagrado, escapou daquele massacre
batismal. “Aquele
que beber dessa fonte jamais terá sede”, diziam os teólogos palacianos
apossados de seus “conteúdos” fedoríficos –mágicos- enlatados. Para entender
tudo aquilo, somente meditando nas NARRATIVAS DO ESPÓLIO de Franz Kafka sobre A
QUESTÃO DAS LEIS: “Nossas leis não são universalmente conhecidas, são segredo
do pequeno grupo de nobres que nos dominam”. Fui “dormir”.
2. Enquanto “repousava”, ouvi por três vezes a voz de Samuel
Beckett alertando: “A morte não pede um dia livre”. Então, naquela mesma
semana, eu e meus colegas fomos acordados repentinamente por volta de 2h da
madrugada, sob o pretexto da necessidade de participarmos de um culto de
confraternização. Quando me aproximei do local de koynonia, o ambiente era
escuro, e avistei meus colegas calouríferos apavorados, então eu ouvia uma voz
que dizia: Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temerei mal
algum, porque vocês (meus conchavos...quais?) estão comigo. Fomos submetidos ao
ritual católico-batistiniano, e vibrei com o sorriso daquela magnífica imagem
da santa Nossa Senhora negra Aparecida. Fred, meu colega de quarto, torcia pelo
aparecimento relâmpago do Reitor, mas a cúpula teológica dizia: sem mim (sem
nós), nada podeis fazer. Disse baixinho no ouvido de Fredinho: “mano! Há um
medo que nos protege, mas há um medo que nos paralisa”. Ação já, solução já!
Não pensei duas vezes e beijei a preta e cantei Caetano Veloso: “Você é linda
mais que demais”. Com esse ato de ousadia política, me fiz de louco para ganhar
os loucos, e acabei ganhando...rs,..fiquei amigo dos
caras, aliás, atualmente, boa parte desses luciferianos, são doutores,
professores, ou pastores que combatem o bom combate, mas não tem pretensão de
acabar a carreira nem tão cedo, pois tem poder e din din na jogada, a raiz de
todos os (“males?”) (q nada, é de todas as gatas).
3. Me lembro, do dia em que voltei de férias, meio cabisbaixo
porque não tinha sido aprovado na prova para graduação na UNIRIO (fevereiro de
2001), daí quando eu entro no quarto, me deparo com uma bateria monstruosa que
ocupava mais de 50% do espaço. Eu, André Codeço, Diogo Rebel e Lucão ficamos
perguntando: De quem é isso? O
que é isso? Quem permitiu isso? Quem é esse maluco bateriano? Do nada, aparece
o Daniel Batera com aquele sotaque gaúcho e aquele jeitão Alá 777 tatuado no
braço, com pinta de mais que perfeito, com trejeitos de deus branco. Já fomos
aterrorizando o cara, alertando que se ele quisesse dormir no nosso quarto, ele
teria que beijar a tal da Santa Preta, mas ele reagiu furiosamente e disse: “Jamais farei isso, pois não trairei o meu Deus”...(kkkk)...Dani
batera, reagiu de cabeça erguida contra força do sistema CAP GOSPEL, no
entanto, por ser desertor, pagou o preço firminiano durante os quatro anos que
morou como príncipe. Não se vendeu, mas também não se formou.
4. Deserto num palace? Deserto nos remete ao habitat de
serpentes, cobras, etc, animais perigosos, no entanto, só eu sei as esquinas
por que passei, só eu sei o que fizemos para capturar o animal pecaminoso fora
do Jardim do Éden. É fácil domesticá-lo quando ele está dentro do quadrado, mas
difícil é pastoreiá-lo quando ele foge do aprisco. Hauley Valim (grande
pensador), tinha trejeitos de teólogo Hippie, além disso, tinha costumes
esdrúxulos, pois insistia em criar uma cobra coral dentro de uma caixa em pleno
seu aposento. Mas um dia, ela resolveu fugir, daí foi um samba do crioulo.
Houve toque de recolher, mas ninguém obedeceu à voz de Deus, e saíram em busca
da serpente, mas eu resolvi potencializar o meu tempo, e fui para a praia da
Barra para apreciar as Evas. Por volta de 17h, a cobrinha
foi realmente capturada. Ela estava na parte superior da porta da escada. O
zelador alegou que ela estava recolhida e disse a ele: ”Estava nu e tive medo”
e ainda cantou Marisa Monte: “Não me deixe só, eu tenho medo
do escuro, (...) dos fantasmas da minha voz”.
5. Loucura mesmo foi o que fez meu brother e ministro de música
Lucão (o ninja afetivo) que praticava a unção da bigamia off enquanto cursava
música sacra. No período de aulas, ele namorava a filha do tio Amú, mas nas
horas vagas (período de férias) ele namorava a mulher da cidade dele. Como diz
o Reverendo Longuini: o amor vence todo o segredo (...), então, o dia do
tira-teima se concretizou no recital de formatura dele. A mulher daqui preparou
tudo no que se refere à produção e divulgação, e a mulher de lá apenas orou e
veio prestigiar. Na hora dos agradecimentos, o pai dele tomou a palavra, encheu
a bola do filho e pediu que a ilustre namorada dele ficasse de pé, entretanto,
as duas se levantaram (rs). Houve um silêncio unânime na capela do STBSB
ficando evidente a surpresa na face dos convidados como também o ciúme
escancarado no rosto das duas musas, e o recital acabou ali mesmo, porque
faltou luz (os deuses se revoltaram? Só faltou o véu se rasgar). Proust estava
certíssimo ao defender a tese que por detrás do amor está o ciúme. Amamos para
ter ciúmes é a grande tese proustiana.
6. O amor vence todo o medo diz a Bíblia, mas o álcool costuma
liberar todos os segredos também, mesmo correndo esse risco, alguns de meus
parceiros viviam movidos pelo cinismo e BUXIXO. Esses adoravam tomar uma birita
antes de subir nas plataformas catequéticas. Um desses após ficar porre, pediu
para o companheiro de quarto dá uma cavalgada (rs). Disciplinaram o cara em
nome de Deus só porque o álcool denunciou que ele era VIADO PASSIVO RADICAL
(atitudes de terceiro mundo). Coitado! deu azar, porque se fosse na época do
culto da gravata nos anos 90, ele ia poder saborear vários tipos de sorvete sem
condenação pois os caras adoravam o deus Sartre que defendia que todos estão condenados
à liberdade.
7. Pensar embriaguez
via discursos é falar de pastor Herodes, pois ele foi uma figura importante
para a difusão da unção trapaçadora, pois ele aceitava a tese de que a mentira
é um mal necessário. Um dia interrompeu a aula para pedir grana aos colegas,
tendo em vista que corria o risco de perder a matrícula devido a dívidas de
mensalidades anteriores. Enfim, a turma gentilmente arrecadou uma oferta de
solidariedade e entregou-o, no entanto, ele riu sarcasticamente e passou duas semanas
degustando e experimentando os prazeres dos mestres do kamasutra da boca na
churrascaria ESTRELA DO SUL regado a vinho e uísque importados. O CADS tinha
essa fama de carnalidade dionisíaca, pois ao invés de pedir a cabeça de João
Batista, preferia as moedas discentes-messiânicas, ao dizerem: “DÊ A CÉSAR O
QUE É DE CÉSAR E A deus O QUE É DE deus”.
8. Malucos existem, mas é cômico quando um sujeito é normal, no
entanto, aparenta ser esquizofrênico. Frederico Macedo tinha esse perfil de
flautista-psicopata. Devido a sua aparência estranha, grande criatividade e
poder retórico, ele atormentou o confessional Pr Ailton Rocha sob o suposto
desejo de assassinar-me durante o ano de 2000. Era época de GQ, e as simulações
de ameaças e sintomas se intensificaram, ao ponto do Ailton ligar para farmácia
altas horas da noite solicitando Gardenal para um seminarista mentalmente
despirocado. Recebi vários alertas como: Joe! Retire todas as facas, garfos, e
outros objetos perigosos do seu quarto, pois, sua velha assinalou que irá te
matar (rs). No dia combinado, lá estava eu todo encharcado de tinta vermelha e
Catchup por todo o corpo e com a cabeça por debaixo da cama. Quando o Ailton
retornou da Farmácia, eu comecei a me estribuchar e titubear estendido no chão,
e minha velha Fred capeta, apareceu com uma faca “encatchupiada” perante o
confessional: Ele agarrou fortemente o “assassino” e gritava: Edwin! Edwin!
Edwin! O Fred matou o Joe...rs...daí a galera palaciana chegou junto sorrindo e
dizendo: É apenas uma brincadeira, relaxa e goza amado, mas ele estava suado e
com o coração saindo pela boca. Esse episódio macabro-teatral me lembrou do
filme mudo AS MÃOS DE ORLAC, de 1924, do cineasta alemão Robert Wiene, que
conta a história de um pianista virtuoso que sofre um acidente de trem e tem
suas mãos decepadas. Em um procedimento experimental, lhe são implantadas as
mãos de um assassino que acabara de ser executado. Quando descobre a quem
pertenciam suas novas mãos, Orlac acredita que agora também tem predisposição
para matar.
9. A boca fala do que o coração está cheio diz a Santa Palavra
de Deus. Por isso, Samuel de Pádua ao desembarcar pela primeira vez no terminal
rodoviário do carioca, verbalizou com extrema sinceridade: Tô no Rio de
Janeiro!!! Hehe...”nenhum dinheiro do mundo paga esse momento
histórico-sagrado”. O taxista ouviu esse mico e foi logo convidando
o futuro ateuzinho para que entrasse no carro e sinalizasse o destino. Sam
disse: Sou do interior de Minas ..mineiro uai...quero ir para o seminário X,
endereço Y, e vou estudar teologia. O taxista disse: Você serve a um Deus que é
dono da prata e do ouro, por isso, fique tranqüilo que iremos chegar em paz ao
seu destino. O taxista malandramente, fez um “pequeno” tour pela cidade,
fazendo o Sam ficar enfeitiçado com as belezas naturais. Enquanto o Sam vibrava
com as bandeiras de seu time favorito em volta do Maracanã, o taxista aplicava
a bandeira II, bandeira III-IV em plena manhã de sol. Ao chegar em frente ao
Palace XIX, o taxímetro registrava R$ 151,90 pela corrida maravilhosa, no
entanto, o filho de Deus chiou. Mas o taxista com magistral sabedoria trouxe a AQUELA memória
mineira: “Estou aqui no Rio e
não tem dinheiro no mundo que pague essa aventura”. Sam pagou, mas
ralou depois (rs).
10. Quem experimenta uma perda inesperada, tem que suar a camisa
para recuperar aquilo que foi tomado, além de ter que suportar muita dor de
cabeça. Não adianta apenas cantar: “Restitui! eu quero de volta o que meu, sara-me, põe teu
azeite no buraco arrombado”. É preciso agir, e se preciso acionar o
desconfiômetro. Era inicio de Julho de 2007, época dos JOGOS PAN AMERICANOS
aqui no Rio, e o Palace XIX estava quase deserto, com exceção de alguns
moradores que ficaram por N motivos. Minha carteira foi roubada, com R$ 250,00
e alguns documentos. Não tinha pistas, mas mexi os pauzinhos, corri atrás via
câmera escondida, detetives internos, sondagem via moradores e descobri que o
sujeito suspeito já havia roubado outros moradores, além de ter ficado na
cadeia por cinco anos em Sampa devido acusação de estupro. Ele era um jovem talentoso
na música, e tinha projetos teológicos-pastorais, no entanto, pelas pistas,
tudo indicava que era um dependente de drogas que estava passando por crises de
abstinência. Pressionei e torturei verbalmente esse colega objetivando a
confissão que só ocorreu após ele ter descoberto que eu havia mapeado toda a
vida dele e que ele poderia virar mulherzinha na cadeia carioca. Tive que
mentir na delegacia inventando outra história no BO para salvar a vida daquele
colega embora o delegado insistisse que eu deveria botar ele no paredão,
entretanto, pedi ao pastor dele e a família que o enviasse para uma clínica de
recuperação de drogados no interior de São Paulo. Foi muito emocionante jantar
com ele no supermercado EXTRA mesmo sabendo que ele havia me furtado para
comprar drogas segundo ele admitiu. Eu estava nu perante ele e ele perante mim,
pois rolou uma sinceridade e o desejo de recuperação. Naquela mesma semana eu
fazia um curso intensivo de alemão no Instituto Goethe-Rio, e uma das tarefas
em classe foi verbalizar o que ocorreu no dia anterior, então eu falei que
havia jantado com o ladrão que me roubou...ninguém entendeu nada...falei:
imagine Hitler beijando um Judeu em plena segunda Guerra Mundial... Jesus fez
isso papeando com a mulher samaritana. Este caso ficou em off no campus para
preservar o sujeito, mas pelas informações que obtive, esse colega casou-se e
está caminhando de cabeça erguida vencendo a cada dia.
11. Vencer e vencer, era o lema de Pr Saulo (saulinho), grande
neguinho sem beija- flor, mas cheio de humor, que veio para vencer em terras do
sambianas. Ele dizia: Joe, hoje tô na merda nesse inicio de carreira, mas eu
tenho talento, e vou dar a volta por cima. Saulinho era o retrato da grandeza
de ser pequeno. Ralou muito via inclusive nos projetos afetivos. Depois de
muitos foras e nãos, por força do acaso e perseverança, ele se deparou com uma
missionária paraguaia e casou-se lá e aqui. Saulinho representa a glória de ser
perseverante, além disso, ele é um personagem kieslowskiano, pois sabe acolher
os acasos. E os casos de amor que o Kenner Terra tinha pelas manhãs com a
língua grega e sua concubina exegese do NT? Kenner, (em breve doutorando na
UMESP) ralou com disciplina lendo tijolos diariamente na biblioteca, mas sempre
tinha tempo para pecar nas peladas do PECADÃO, pois ele sabia que todas as
tardes, Deus vinha conversar com ele em pleno movimento de corpos e bolas. Quem
se recusa a ouvir a voz de Deus acaba dando com a cara na trave como ocorreu
com Eduardo Trave, no entanto, ele já está de bem com Deus, pois Deus é amor,
às vezes é uma jumenta, mas também se manifesta nas traves da vida.
12. Quem se recusa a rezar a cartilha no arraial do povo de
Deus, acaba pagando mico e se deparando conseqüências (às vezes). Foi assim que
ocorreu com a dupla de velhas Samuel e Jordilei que cursavam o segundo ano do
curso de teologia. Samuel era seminarista estagiário e atuava como professor na
EBD, entretanto, ele cismou de dizer às ovelhas que o mar vermelho não se
abriu, mas que era um mito, pois era um mar de juncos (rsssss). Daí um diácono
foi até o pastor da igreja e perguntou: Pr! O Mar vermelho abriu ou não? O Pr
malandramente disse: claro que sim meu caro irmão. Por que? Por que o
seminarista Samuel disse que não abriu coisa nenhuma. Me parece, que o Sam se
indignou com toda a fachada catéquica e foi limado por desvio de doutrina, no
entanto, seu conchavo Jordilei seguiu firme dizendo que se a igreja continuasse
pagando o carnê dele mensal ele pregaria que o mar vermelho se abriu com
tubarão, marcinha pandeirão, dinossauros e tudo mais.
13. A figura de Jordilei é importante, pois precisamos saber ler
signos como dizia o Deleuze, pois quem não sabe ler signos, corre o enorme
risco de se “ferrar legal”, no entanto, a figura do Samuel também é hiper
importante, pois ele nos remete ao ousado Tomé que duvidou da ressurreição de
Jesus. Em todo local haverá pessoas que vão dizer aleluia amém e irão se
conformar, porém, haverá o risco de surgir um espírito de porco e questionar
tudo. Quem se conforma, não vive pela fé porque está protegido pelas cercas do
quadrado, mas quem se propõe a questionar, vive de fé mesmo, pois ela tende a
pular a cerca e transitar fora do quadrado, da comodidade, porque o pensamento
não tem fronteiras, e aspiram abrir um buraco nas palavras. Jimmy Sudário e
Osvaldo Ribeiro são exemplos de focinhos que fuçam, fuçam e fuçam...quebram o
coco mas não arrebentam a sapucaia.
14. Quando ouço sobre cocos, açaí e sapucaia, minha memória
involuntária remete as regiões em que habitei durante a minha infância: Pará,
Amazonas, pertinho do Acre. Falar de teologia tupi-açaí e tucupi-guarani é
falar dos pastores Romario Ney e sua performance alá Caio Fabiniana e Agnaldo
(Pr Curumim) e sua simpatia mixada com raça tucumânica. No encontro com sua
noiva Júlia houve esperança, mas na cantada Messenger-juliniana de Justi,
nasceu o inimigo da lambança. Faltou ao teólogo Justi o instinto Don ruânico
que o pastor bombeiro tinha. Ilustre mesmo é o Eliéziu e seu curioso caso com a
teologia joanina. Nos momentos de reflexão na serralheria ele costuma
reverenciar contemplação ética de Wittgenstein dirigida à possibilidade de
ocorrência de alguma coisa. Daí ele pergunta: Para onde fugirei do teu
Espírito? Se eu estou na comunidade dos discípulos amados, tu estás; se eu
estou no Encantado, tu estás (hehe...rs). O problema é que Pneuma no grego é
uma palavra feminina. Isso é um caso sério ao som de um bolero.
15. Caso sério ao som de dois fagotes excepcionais diz respeito
aos Pastores Elias maluco e Tavares sargento porque eles eram temidos por seus
colegas por possuírem uma perna a mais. Os deuses no ato da engenharia muscular
concederam-os, o privilégio de poderem caminhar sobre as gatas, provocando
dores, temores e tremores perante aqueles (a) que se arriscam de aproximá-los
de forma inadequada sem a couraça da justiça inimiga. Por elas, só resta-nos
pensar na compaixão. Só cabeções aptos para a liturgia da fecundação.
16. Caso sério mesmo é você querer afetivizar com vocacionadas
que não entendem nada de sacrifício de louvor. Diz o texto bíblico que Deus
curte oferta com aroma suave e agradável. Mas quando (a) espiritual tem
chavasca de bacalhau? Você pode orar até 30 vezes que não resolve, porque o
cheiro diabólico bacalhônico fica arquivado até no sub-inconsciente, daí o
ousado-azarado-vocacionado corre o risco de brochar diante do Auschwitz
Batista, chamado carinhosamente de CONCÍLIO EXAMINATÓRIO. Tem coisas que nem
Freud explica, talvez a paixão explique.
17. Pior do que concílios são os “aconselhamentos proibidos”,
pois se o sacerdote não dominar a malandragem, ele corre o risco de revelar e
entregar o colega ou amigo, trazendo prejuízos incalculáveis, restando ao
prejudicado recitar a frase de Karl Marx: “Sofro igual Jó, apesar
de não ser tão temente a Deus”. Depois que o vulcão entra em erupção,
as luzes se revoltam, e daí não adianta rezar, orar, nem tampouco lambrear no
monte, pois até o monte fica MONTENEGRO.
18. Negro mesmo era a figura do arcanjo Bissiati que misturava
uma carapuça de batista com doutrina gótica. Ele era uma coisa e outra, mistura
de ternura e loucura, de amigo e perigo, mas era um sujeito com um coração
grande, pueril, que misturava bondade e simplicidade capaz de alcançar o
coração de Deus com sua pitada de confusa e difusa diversão. Dentro da palavra
LOUCURA está a palavra CURA, por isso, Freud dizia que o amor está perto da
loucura. O amor vence todo o degredo (o exílio). Os loucos são os caras mais
livres.
19. Divertido mesmo foi na cerimônia de formatura de 2003 na PIB
do Rio, quando o dirigente solicitou, que todos os professores da academia
sagrada ficassem em pé, daí o meu jovem amigo Mário Zazv, que na época era
professor também, erigiu seu corpo, no entanto, um dos medalhões da convenção solicitou-o
que voltasse a ficar sentado, pois somente os professores deveriam ficar de pé.
Queria que ele ficasse de mão porque usava trajes brancos, cabelos rastafári e
chinelos afros amacumbados. Esses não curtem (temem) preto velho, quem dirá
preto novo.
20. Monte negro foi aonde subi várias vezes, mas foi difícil
falar com Deus. Às vezes tive que lamber o chão para comer cú de burro (=miojo sendo cozido com salsicha
navegando solitariamente sobre as larvas da fé). Tive que engolir sapo
e ouvir alguns pastores dizerem: Joe! Escolhe: ou igreja ou teus estudos
sabendo que o curso de música numa universidade federal funciona em tempo
integral...”vc tem que virar escravinho do sistema dando expediente a semana
toda, enchendo o saco de Deus” (rs..em plena era da internet)... E eu olhava
para o céu e dizia: Deus! não posso ser burro, vou chutar o balde, mas vai
comigo nietzschianamente e assim eu fiz. É fácil alguém que tem uma família
estabilizada financeiramente, chutar o balde quando está sobre pressão; difícil
mesmo é o cara abrir mão de ministério de cabeça erguida sabendo que a família
não pode lhe ajudar com nada (só com orações). É preciso ter raça para dizer:
missão cumprida e bola prá frente e ainda ter fôlego para cantar Renascer
Praiser: Dependo
de Ti, mesmo
que os que me amam, não consigam me ajudar, eu dependo, dependo de ti.
Se liga! Viver na dependência de Deus é viver fora do quadrado porque o vento
de Deus é aleatoriedade ou é circular, mas é sempre condição de
possibilidades. Nessas horas o anjo do Senhor acampa-se ao redor daqueles que
são porras-louca e joga junto sem deixar a peteca cair. Quem joga com Longuini, tem tudo para jogar com Mancini
ou com Maldini.
21. Quem joga em condições adversas sabe dançar na beira do abismo (Nietzsche); sabe rir com a faca no coração (Denise Fraga falando sobre Brecht).
Quem morou no Palace XIX sabe que o cômico e o dramático se confundem; sabem
que Deus e o Diabo andam de mãos dadas, por isso, é preciso saudá-los, pois o
mundo dá voltas. Não adianta fugir, nem mentir, aqui dentro e sempre, pois há
taaaaaaaaaaanta vida lá fora, tanto par aquele que quer construir, como também
para aquele que quer roubar, zoar e destruir, porque afinal, no caminho Emaús,
muitos serão lesados e alguns veículos serão escolhidos, cogita o ministro dos
transportes Gilberto Gito. Quem viveu na morada dos deuses (Palace ou Pavilhão
XIX?) experimentou a jornada da alma, por isso tem a estranha mania de ter fé
na vida. Tivemos o imenso privilégio de ouvir e cantar juntos: Nada a pedir, só
agradecer de Edwin Ferraz. “A canção é o sino da memória”.
Alô galera do XIX! akele abraço; alô torcida do XVIII! Akele
abraço; XXIII e XXX akele abraço tb.
abraços com o manto sagrado da Anscestralidade
Muito bom.
ResponderExcluirkkkk Muito bom Joe Profeta Black!
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