segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Esse Ofício do Verso. (Livro de Borges..melhores momentos..citações importantes)







Procurei para comprar, mas não encontrei em lojas, pois está esgotado e nem em vários sebos que pesquisei no centro do Rio. Fui encontrá-lo na Biblioteca Nacional. Sentei uma manhã e tarde para ler e transcrever os trechos que me interessaram.

SINOPSE do Livro:
Perdidas há mais de trinta anos, estas seis palestras proferidas por Jorge Luis Borges em 1967-68 na Universidade Harvard agora nos chegam de volta, num lance do destino digno do autor das Ficções. Transcrito de fitas só recentemente descobertas, Esseofício do verso é um testemunho inédito da leveza e elegância com que um dos maiores escritores do século XX trata os enigmas da língua e da literatura. Além de um comentário profundamente pessoal sobre diversos aspectos da produção literária, o livro é uma introdução aos prazeres da palavra, ao artesanato da escrita. 
Talvez o mais impressionante seja o modo como Borges consegue, por meio de um delicado equilíbrio entre clareza e humildade, comunicar seu vasto conhecimento literário a uma platéia de leigos. Sua aparente simplicidade serve tanto para fazê-lo mais acessível como para abrandar o impacto de alguns de seus argumentos mais contundentes, como a morte anunciada do romance e certos equívocos da história literária. Quer discuta a metáfora, a poesia épica, as origens do verso, o sentido na poesia ou seu próprio "credo poético", Borges oferece um espetáculo tão cativante quanto intelectualmente profundo. Uma verdadeira aula em seis lições, a cargo de um mestre no auge de suas faculdades.


CITAÇÕES IMPORTANTES (Melhores Momentos)


BORGES, Jorge Luiz. Esse ofício do verso. Organização: Calin-Andrei Mihailescu. Tradução: José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia Das Letras, 2000.

Sempre que folheava livros de estética tinha a desconfortável sensação de estar lendo as obras de astrônomos que nunca contemplavam as estrelas. Quero dizer, eles escreviam sobre poesia como se a poesia fosse uma tarefa, e não o que ela é em realidade: uma paixão e um prazer.
BORGES 2000, p; 11

“O que é o tempo¿ Se não me perguntam o que é o tempo, eu sei. Se me perguntam o que é, então não sei.” Sinto mesmo em relação à poesia.
SANTO AGOSTINHO, citado por BORGES 2000. p. 27

[...] No meu entender, qualquer coisa sugerida é bem mais eficaz do que qualquer coisa apregoada. Talvez a mente humana tenha uma tendência a negar declarações. Lembrem o que dizia Emerson: argumentos não convencem ninguém. Não convencem porque são apresentados como argumentos. E então os contemplamos, e refletimos sobre eles, e os ponderamos, e acabamos decidindo contra eles. Mas quando algo é simplesmente dito ou – melhor ainda – insinuado, há uma espécie de hospitalidade em nossa imaginação. Estamos dispostos a aceitá-lo.
BORGES 2000, p. 40

[...] Não acredito que na Índia as pessoas tenham um sentido da história. Uma das pedras no sapato dos europeus que escrevem ou escreveram histórias da filosofia indiana é que toda a filosofia é vista como contemporânea pelos indianos. Ou seja, eles estão interessados nos próprios problemas, não no mero fato biográfico ou histórico, cronológico. Que fulano era mestre de sicrano, que veio antes, que escreveu sob tal influência – todas estas coisas não são nada para eles. Eles se importam com o enigma do universo. Suponho que, numa época futura ( e espero que ela não tarde), os homens se importarão com a beleza, não com as circunstâncias da beleza.
BORGES 2000, p. 81

Tenho para mim que sou essencialmente um leitor. Como sabem, eu me aventurei na escrita; mas acho que o que li é muito mais importante que o que escrevi. Pois a pessoa lê o que gosta – porém não escreve o que gostaria de escrever, e sim o que é capaz de escrever.
BORGES 2000, p. 103

Divirtia-me uma ideia – a ideia de que, embora a vida de uma pessoa seja composta de milhares e milhares de momentos e dias, esses muitos instantes e esses muitos dias podem ser reduzidos a um único: o momento em que a pessoa sabe quem é, quando se vê diante de si. Imagino que, quando Judas beijou Jesus (se é que o fez), sentiu naquele momento, que era um traidor, que ser um traidor era o seu destino, e que estava sendo fiel ao seu pérfido destino.
BORGES 2000, p. 105

Lembrem que os gnósticos disseram que o único jeito de se livrar de um pecado é cometê-lo, porque depois você se arrepende dele.
[...] Somos pelo simples fato de vivermos no presente. Ninguém descobriu ainda a arte de viver no passado, e nem mesmo os futuristas descobriram o segredo de viver no futuro. Somos modernos, queiramos ou não. Talvez o próprio fato de atacar a modernidade seja agora um modo de ser moderno.
BORGES 2000, p. 117.

Acho que agora cheguei, não a uma certa sabedoria, mas talvez a um certo bom senso. Vejo-me como um escritor. O que significa ser um escritor para mim¿ Significa simplesmente ser fiel a minha imaginação. Quando escrevo algo, mas o tomo como factualmente verdadeiro (o simples fato é uma trama de circunstâncias e acidentes), mas como fiel a outro algo mais profundo. Quando escrevo uma história, escrevo-a porque de alguma forma acredito nela – não como se acredita na simples história, mas antes como se acredita num sonho ou numa ideia.
BORGES 2000, pp. 118, 119.

“O fato central de minha vida foi a existência das palavras e a possibilidade de tecê-las em poeisa.” (BORGES).

Quando escrevo, tento ser fiel ao sonho e não às circunstâncias. Claro, em minhas histórias (dizem-me que devo falar sobre elas) há circunstâncias verdadeiras, mas de algum modo senti que estas circunstâncias deviam sempre ser contadas com certo quinhão de inverdade. Não há satisfação em contar uma história como realmente aconteceu. Temos de mudar as coisas, ainda que as achemos insignificantes; caso contrário, não devemos nos tomar como artistas, mas talvez como meros jornalistas ou historiadores. Embora suponha que todos os verdadeiros historiadores soubessem que podiam ser tão imaginativos quanto os romancistas.
BORGES 2000, páginas 120, 121.

Li várias histórias da filosofia indiana. Os autores (ingleses, alemães, franceses, americanos, etc) sempre se admiram com o fato de que, na Índia, as pessoas não têm senso histórico – que tratam todos os pensadores como se fossem contemporâneos. Traduzem as palavras da Filosofia antiga para o jargão moderno da filosofia atual. Mas isso simboliza algo corajoso. Simboliza a ideia de que se acredita na filosofia ou que se acredita na poesia – que as coisas outrora belas podem continuar sendo belas.
BORGES 2000, página 129.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Liv & Ingmar - Uma história de amor (Filme\Documentário..em Cartaz )



Liv Ulmann tinha apenas 25 anos, e era uma atriz novata com poucos filmes no currículo. Ingmar Bergman tinha 46 anos e já era considerado um dos maiores cineastas vivos do seu tempo. Eles dois se encontraram nessa época, e ele a convidou a trabalhar num filme chamado Persona, e a partir daí nunca mais se separaram. Bergman dirigiu Liv em doze filmes, e eles formaram durante muito tempo uma colaboração muito rica para o cinema. Apesar de terem vivido como casal durante apenas 5 anos, eles continuaram trabalhando juntos, vivendo um relacionamento que durou 42 anos. Um documentário sobre a longa relação dessa dupla que segundo Bergman, passaram a vida toda "dolorasamente conectados".

Direção: Dheeraj Akolkar.
Com: Liv Ulmann, Ingmar Bergman, Max von Sydow, Harriet Andersonn...
Ano: 2012
Distribuidor: Art Films.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Kid caminho, kid bengala e kid cosquinha: Natalismos de um Cristo chamado Kristhus



Kid caminho, kid bengala e kid cosquinha: Natalismos de um Cristo chamado Kristhus.

         Malandramente e estrategicamente em nome de uma moral da pureza e neutralidade gerativa carnálica\messiânica, a tradição cristã contou-nos (achando que somos bobos, dementes e lesados) que José e Maria cresciam em intensificação afetiva, porém, ambos eram virgens (aham). O aparecimento do mago em forma de anjo Gabriel, expôs em forma de reportagem ao vivo todo projeto fecundativo\programático costurado nos bastidores do tecido da discretagem nos porões das guaritas mais secretas do casal, detonando na raiz, qualquer insinuação de cinismos espirituáticos.
          José e Maria eram muito pobres e não possuíam plano de saúde e nem tinham uma casa própria para morarem. Quando a barriga começou a pipocar, ambos procuraram uma maternidade, porém, não havia vagas, pois muitos já estavam na espera da emergência. Por recomendação de um jovem andarilho, eles se dirigiram ao estrebológico, pois lá, era um local muito sinistro cheio de animais domésticos e selvagens (que conviviam belicosamente), micoses, vírus e bactérias nocivas. O menino Jesus nasceu cercado pela ferocidade da vida, no entanto, ele sobreviveu a todos estes perigos.
         Após superar esse estágio de periculosidade maternal\existencial, com a bravura dos pais, o menino continuou vivendo e crescendo em musculatura, sabedoria e graça. Jesus era muito engraçado, pois ele fazia barquinhos de papel, jogava aviãozinhos durante as aulas catequéticas, e as 12 anos e nos interstícios das Sinagogas (papo de homens) já filosofava sobre os aforismos de Nietzsche em quadrinhos e falava com muita fluência sobre a importância das imagens de arquivo da companhia Redtubes para o pensamento afetivo\kid  humano demasiado humano, pois, segundo diz a narrativa sagrada, o mancebo Timóteo desde criança já sabia das coisas básicas da vida.
          Num belo dia Jesus resolveu dar uma volta e viu uma mulher prostituta que estava prestes a ser apedrejada, pois a sociedade machista admitia que ela possuía mais horas de cama do que urubu de vôo. Mas Jesus ao ouvir o argumento convincente daquela mulher, ele disse que o que ela fazia era apenas trabalho para auto-sustentação e questionou: “Quais de vocês não vendem o próprio corpo como engenheiros, advogados, professores, taxistas, etc em nome de um salário mantenedor? Então, quem não tem “pecados” e é cínico que atire a primeira pedra”. Todos saíram com dor de próstata e de piru murcho.
        Numa outra ocasião, ele passou na beira do monte e começou a papear com algumas pessoas, mas aquelas discussões intimistas foram ficando tão legais, que outras pessoas foram se agregando aquele grupo até formar uma multidão. Por isso, Jesus sentiu a necessidade de uma estrutura maior com microfones, aparelhagem de som, câmeras de filmagem (arquivo) para proferir o sermão do monte, que posteriormente serviriam como inspiração esquemática para curtas metragens cinematográficas. Jesus estruturou homileticamente esses sermões a partir de pequenas histórias com rapidez, criatividade e clareza nas introduções, pois Graciliano Ramos aconselhou que a melhor introdução é a mais breve. A estrutura do sermão cristológico era assentada em Friedrich Nietzsche, pois, ele dizia que o grande estilo implica em capacidade de concentração, condensação e economia informativa, falando apenas o necessário, porém de forma inédita. Conforme diz o filósofo Martin Heidegger, “dizer genuinamente é dizer de tal maneira que a plenitude do dizer, própria ao dito, é por sua vez inaugural.
         Quando Jesus viajou para uma cidade vizinha, ele foi acordado lá pelas tantas da madrugada por uma mulher assustada que alegou que um dos filhos estava possesso por espíritos imundos (demônios?). Quando Jesus chegou lá, viu aquele jovem compondo uma sinfonia, por isso, gesticulava e cantarolava de forma muito sutil e esdrúxula aquela melodia atonal. Jesus citou trechos do livro “O visível e o invisível” de Merleau-Ponti e disse para aquela mãe tonal equivocada: “o homem para ser homem precisa ver fantasmas”.
          Enquanto o Messias enviado passeava por um gueto de afetivizações, ele viu um homem que teve uma perna amputada, por isso, andava com auxílio de uma bengala. Quando ele viu Jesus ele bradou desesperado: mestre! Tenho fome, dá-me a chance de comer, pois o cafetão deste espaço que emana grana e prazer nunca permitiu que deficientes físicos se apropriassem das mulheres dessas vitrines, porque tal procedimento implicaria na transgressão da lei “seca aos excluídos”.  Jesus ficou reflexivo, no entanto, ao ver um japinha da zonal Sul da cidade Santa entrar com o carrão pelos portões da afetividade, Jesus chamou aquele administrador carrasco e falou: Ou você aceita a bengala, ou você vai receber um chá de cabala judicial, pois agora eu sou o caminho, a justiçabilidade, a amabilidade e a ferocidade da vida (também). Houve um acordo cafetônico-messiânico, e foi dado àquele homem manjubálico, o direito de acessar os mananciais em forma de corpos escorregadios e grutas suculentas.
         Jesus foi convidado a fazer um discurso pela paz na praça da paz celestial, no entanto, era terrificante e assustador a aglomeração de pessoas ávidas por milagres. No meio do rebuliço e efervescente remelexo de corpos, um dedo enigmático tocou nas zonas erógenas de Jesus excitando cócegas. Jesus parou e disse: “Produção! Alguém me tocou, pois senti uma sensação de cosquinha”. Ao ouvir gemidos de amor, ele viu uma mulher cheia de vontade, exprimida em meio aquela força humana demasiada humana, pois vontade de poder é movimento espontâneo de vir à luz, de aparecer e impor-se. Então todos perguntaram a Jesus: “Mestre! Porque você só sentiu o toque dela no meio dessa multidão carente¿ Então aquele Rabi respondeu dizendo: “sentir é estar distraído” (Alberto Caeiro \Fernando Pessoa). Esta cena nos mostra que a sensualidade implica e disposição, aptidão para sentir, isto, é estar ligado\aceso.
          Por todas essas proezas, simplicidade e luta em favor das classes subalternas, Jesus representava uma ameaça a elite religiosa dominante, caracterizada pela casta sacerdotal, líderes do Tempo de Jerusalém, e outros estratos sociais que usavam o nome de Deus para manipular pessoas usando ferramentas como pecado original, salvação e condenação universal (faz sentido ainda, se a terra não é mais o centro do Universo? Agora é Pluri-Universo), vida de santidade, entrega de dízimos e ofertas, sacrifícios, rituais de adoração e outras malandragens e mentiragens em forma de discurso de controle. Foi morto na cruz, porque era visto como um espinho na musculatura social dominante da época. Apesar da deturpação das práticas ensinadas pelo Cristo, no século XXI, convém citar um trecho do livro O anticristo de Nietzsche:

“Volto atrás, conto a história genuína do cristianismo. – Já a palavra “cristianismo” é um mal-entendido – no fundo, houve apenas um cristão, e ele morreu na cruz. O “evangelho” morreu na cruz. O que desde então se chamou “evangelho” já era o oposto daquilo que ele viveu: uma “nova “, um disangelho. É absurdamente falso ver numa “fé”, na crença na salvação através de Cristo, por exemplo, o distintivo do cristão: apenas a prática cristã, uma vida tal como a viveu aquele que morreu na cruz, é cristã... Ainda hoje uma vida assim é possível, para determinadas pessoas e até necessária: o cristianismo autêntico, original sempre será possível...Que significa “boa nova”? A vida verdadeira, a vida eterna foi encontrada – não é prometida, está aqui, está em vocês: como vida no amor, no amor sem subtração nem exclusão, sem distância. Cada um é filho de Deus – Jesus não reivindica nada apenas para si - , como filho de Deus cada um é igual ao outro...”

       
         A tragicidade da morte de Jesus Cristo, ele nos mostrou que apesar dos pais dele não possuírem seguro saúde nem tampouco, seguro moradia no período da gravidez-maternidade, ele sobreviveu às adversidades inerentes ao início de tudo e quando se tornou adulto, teve a honra de dizer: “No mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo porque eu venci as bactérias, micoses, vírus e todo tipo de mequetrefes naquele estrebológico”, por isso, “eu vim para que vocês tivessem vida em abundância (seguro saúde), pois na casa de meu Pai, há muitas moradas (seguro moradia)”. E pela morte-ressurreição, partiu rumo às entranhas do Universo misterioso chamado ciclo repetitivo da vida e da morte. Amém.

Com este texto, encerro a “trilogia do sorriso” que contém os seguintes textos disponíveis na internet:
HARMONIAS E HERESIAS

1.      Jesus e a gangue dos samurais: uma heresia sexy cinematográfica. (2009)
2.      Jesus e a onda de alienígenas: uma comédia de ficção de ficção herítica. (2010)
3.      Kid caminho, kid bengala e kid cosquinha: a história de um Cristo chamado Cristo. (2011)

Abraços do Joe e feliz natal
 


domingo, 16 de dezembro de 2012

Maurice Blanchot - Vida e Obra (documentário)



Jorge Vasconcellos (prof. da UFF) escreveu:  

Um documentário sobre o escritor e livre-pensador Maurice Blanchot. Imperdível, pois, como é sabido o autor francês foi mestre na arte de desaparecer... logo, poucas são as imagens com/sobre ele; o que torna este filme uma oportunidade em 'estar' com um dos grandes ensaístas franceses do século XX.

Está aqui...Basta clicar e assistir o documentário\vídeo

http://vimeo.com/55416551#

sábado, 15 de dezembro de 2012

GRUPO PRELÚDIO 21 E O ÚLTIMO CONCERTO ANTES DO FIM DO MUNDO...(Tam tam tam tam ---\---- tam tam tam tam)



GRUPO PRELÚDIO 21 E O ÚLTIMO CONCERTO ANTES DO FIM DO MUNDO. Realizado em 08\21\2012 (Tam tam tam tam   ---\----    tam tam tam tam)

Por Joevan Caitano (Joe)

“Não criamos, em qualquer domínio, porque queremos. Criamos porque temos necessidade [...]. [...] A criação só é possível através de um mergulho no caos, que nos dá o princípio criativo, mas com o necessário retorno, uma vez que a obra produzida nunca é puro caos, mas o ordenamento de uma série de elementos num conjunto inteligível, passível de fruição ou compreensão (Silvio Gallo. Livro O OFÍCIO DO COMPOSITOR HOJE, páginas 308 e 310)”.    

“O artista ocupa o lugar do tronco de uma árvore, pois quando é pressionado pelo fluxo dos fenômenos e das experiências, tudo o que ele faz, é recolher e encaminhar aquilo que vem das profundezas da terra para a obra de arte. Não servir, nem dominar, apenas comunicar. Portanto, ele assume uma posição realmente humilde. E a beleza da copa não lhe pertence, apenas passa através dele...O artista ocupa a função de passagem (Paul Klee – livro Sobre a arte moderna, páginas 52, 53)”.



          Sábado às 15h do dia 08 de dezembro, me dirigi ao Centro Cultural da Justiça Federal no Rio de Janeiro para prestigiar o último concerto do Grupo Prelúdio 21. Ao chegar ao local, me deparei com o Professor e compositor Marcos Lucas que estava na porta da sala onde seria realizado o concerto. Papeamos rapidamente e fraternalmente, e entramos para o espaço de afetivizações e ebulições sonoras. Após pouquíssimos minutos de espera, Sérgio Roberto se dirigiu a frente daquele recinto de fraternidade lúdica, e emitiu rápidas palavras em forma de bem vindo a todos. Naquele momento, ele ressaltou que o Grupo estava completando 15 anos marcados pela união, solidariedade e consangüinidade convergentes. Esta coesão de corpos e de idéias, foi coroada pelo reconhecimento da crítica especializada que recomendou e indicou o CD do grupo ao Grammy de 2012. Em poucas palavras, Sérgio Roberto resumiu tudo, pois “a melhor introdução é aquela que é mais breve possível” dizia Machado de Assis.


          Como de costume, cada compositor\integrante do grupo e\ou compositor convidado foi convidado a  se dirigir até o palco para explicar de forma sucinta e detalhada sobre os principais aspectos da obra, pois a intenção do grupo é sempre promover um concerto didático. Segundo informou um dos integrantes, o compositor J. Orlando Alves não pode comparecer, no entanto, foi gentil ao enviar um e-mail esclarecendo alguns aspectos sobre a peça “Incidências II”. Segundo o autor, a peça foi composta em 2005 e foi estruturada a partir da organização das alturas em forma de convergência de trítonos e semitons que realçam breves incidências de duas seções. A peça foi executada pelo exímio flautista Rudi Garrido. Enquanto escutava eu me perguntava: Afinal, porque será que Orlando resolveu nos dar um chá melódico criativo em dose dupla masturbando-nos sado\demo\auditivamente pelo mecanismo vibratório de dois intervalos sinistros de se ouvir? Encontrei consolo e resposta plausível num dos aforismos de Nietzsche denominado “É PRECISO AMAR”:

Eis o que nos acontece no domínio musical: é preciso antes de tudo aprender a ouvir uma figura, uma melodia, saber discerni-la com o ouvido, distingui-la, isolá-la e delimitá-la enquanto vida para si: em seguida, é preciso esforço e boa vontade para suportá-la, apesar de sua estranheza, usar a paciência para seu aspecto e expressão, ternura pelo que ela tem de singular; - vem enfim o momento em que nos habituamos a ela, em que nós a esperamos, em que sentimos que nos faria falta, se se ausentasse; e daí em diante ela não deixa de exercer sobre nós sua imposição e sua fascinação, até que tenha feito de nós seus amantes humildes e maravilhados, que não concebem melhor coisa no mundo e só desejam ela e mais nada. – Porém não é só na música que isto nos acontece: é justamente assim que aprendemos a amar todos os objetos que agora amamos. Acabamos sempre por ser recompensados por nossa boa vontade, nossa paciência, nossa eqüidade, nossa ternura com a estranheza, pelo fato de que a estranheza pouco a pouco se desvende e venha se oferecer a nós como nova e indizível beleza: aí está sua gratidão por nossa hospitalidade. Quem ama a si mesmo só pode ter chegado a isto por este caminho: não há outro. Também se deve aprender o amor (NIETZSCHE apud MACHADO 2006, p. 49).”

         Logo em seguida, o compositor Pauxy Gentil-Nunes caminhou de forma serena e tranqüila, pois todo espírito criador olha baixo, olha manso e olha abençoador (Nietzsche) e se posicionou concentrativamente direcionando o olhar reflexivamente em direção ao teto portador de sutilidade luminosa. Após alguns segundo de mistura e mistério, ele reposicionou o olhar em direção ao público e falou que o nome da peça que ele escreveu tem por título Suarabácti”. Segundo Pauxy, “Suarabácti” soa uma palavra mágica e misteriosa, entretanto, é uma palavra que coaduna ao metier da lingüística, pois neste nicho, atiça-se o processo via engrenagem de duas consoantes que vai se separando até juntar e formar outra palavra. Ele sinalizou que a peça “Suarabácti” é marcada pela mistura serial contendo uma série de 22 notas ao mesmo tempo, que é portadora de uma batida de bossanova e de um tecido musical que vai se esgarçando até gerar outro tecido. Com muito louvor e amor, Pauxy convidou o excelente violonista Fábio Adour para executar esta peça. Segundo Pauxy, muitos violonistas já executaram esta peça, mas foi nas mãos de Fábio Adour, que a química entre os dedos, notas e cordas se tornaram mais que divivas. Herr Adour executou toda a peça com a maestria da pegada de um cavalheiro das notas. Nos momentos finais que antecederam o orgasmo das cordas, Adour emitia bravorosas palmadas nas molduras libidinais, sensuosas e pandeirosas do violão. Nossa memória involuntária nos conduzia a pornomagia de bundas e musas, de bundas e música. Depois de intermitentes espancamentos manuais, aquela música finalmente cessou de forma cansada e silenciosa, mas o contexto de gemidos nos labirintos bucais de cordas e madeira nos fez entender claramente que naquela tarde, um anjo sadomasomusic passou por ali emitindo prazer e furor, furor e prazer. Deleuze e Guatarri (1997) estavam certíssimos ao escreverem que “a máquina de sofrer é uma peça de uma máquina que não pára (cessa) de gozar consigo mesmo”.
         Passado aqueles momentos de vontade de potência via poder da judiação das cordas e afins, foi a vez de Caio Senna se explicar didaticamente. Caio falou que a peça “Far from my window” foi escrita por encomenda de um pianista americano e a fabricação da mesma ocorreu entre agosto e outubro de 2011. Caio assinalou que compôs a peça usando a técnica de variações, focada numa melodia que varia. Confessou de forma muito honesta que foi humilde ao ponto de mergulhar num retorno acolhedor de uma simplicidade, por isso, afirmou que se apaixonou pelo sentimental e banal. Manoel de Barros escreveu: “Tudo aquilo que for ínfimo e desprezível, traga a mim, pois neles vejo exuberância”. Caio sentou-se no piano elétrico e começou a tocar de forma concentrada, divertida, melodiosa\arpejada e econômica aquela peça. Ele parecia uma criança se deleitando nos braços do frágil, do óbvio, da espiritualidade portadora de gestos simples e nobres. A postura de Caio lembra a jeito\trejeito do espírito criador amante do grande estilo e da concisão econômica das ideias:

[...] “é alguém marcado pela concentração, pela contenção, pela intensidade. Isso se irradia nele. Nada de derramamentos, de efusões e transbordamentos fúteis. É simples, sóbrio, mas nisso e por isso cheio do solene e do hierático da montanha. Sendo assim, desde o contido e o intenso, sua medida é sempre o sóbrio, o pouco, o parco, o pobre. Isto, para ele, é o suficiente, mesmo o só necessário e até a fartura. Mas isso tudo já é o simples (FOGEL 2009, p. 13).”

        No fluxo do simples sennaiânico, foi à vez de um cara cheio de muita simplicidade subir ao palco. Marcos Lucas é sinônimo de muita ternura e afetuosidade quando fala e\ou escuta. Ele esclareceu-nos que a peça Tríptico foi escrita há 4 anos por encomenda para o violonista Armildo Uzeda (que gravou um CD só com obras do Prelúdio 21 para violão) e contém 3 movimentos. 1º Movimento: Presto e obstinado marcado por ritmo perpétuo sem variações do início ao fim; 2º Movimento: Nebuloso, diáfano, contendo som metálico para mais brando; 3º Movimento: Quarta-Feira de Cinzas com trejeitos e sensações de um folião bêbado. Herr Lucas afirmou que no terceiro movimento, ele assumiu a batucada dos foliões do samba durante o carnaval. Essa mistura de levadas e configurações sonoras numa mesma peça nos mostra que:

“a música de nossos dias deve ser compreendida como configuração de relacionamentos, definida em termos de multidirecionalidade e multidimensionalidade e em termos qualitativos também. Pois é o reflexo da nossa vida cotidiana, e a vida é transformação constante, um processo que não se permite se prender em objetivos específicos e interpretações. É preciso compreender que a humanidade deve concentrar todos os seus esforços nesse processo de transformação constante, pois é este que constitui o único aspecto inalterável de nossa existência (KOELLREUTTER 1990).”

        Marcos Lucas ressaltou a grande competência do violonista Fábio Adour por ter encarado a peça há pouco tempo e ter dado conta do recado em pouco tempo de estudos. Herr Adour tocou e mais uma vez nos encantou dedilhosamente.
         Após aplausos calorosos a dupla Lucas e Adour, foi à vez da compositora norte- americana Rami Levin, pontuar verbalmente alguns aspectos da peça Dialogue. Segundo ela, a peça foi escrita durante a graduação e possuía apenas um movimento. Ela (Rami) tocava oboé e a outra colega tocava flauta. Esta obra foi escrita em homenagem a amiga dela e contém a ideia de espelho, pois o oboé toca a parte da flauta e a flauta toca a parte do oboé e vice-versa. Posteriormente (5 anos depois), a mesma obra foi ampliada para três movimentos. Para a execução dos 3 movimentos, Rami convidou os professores Pauxy Gentil Nunes (flauta) e Leonardo Fuks (oboé). Ambos tocaram a peça em forma de duplo e \ou heterônimos de si mesmo. Resisti ao outro lado da mesma moeda e ela não se individará em vós. Para entender a história do duplo, cito um trecho do escritor argentino Luis Carlos Borges:

Sugerido ou estimulado pelos espelhos, as águas e os irmãos gêmeos, o conceito de duplo é comum a muitas nações. É plausível supor que expressões como Um amigo é um outro eu de Pitágoras ou o Conhece-te a ti mesmo platônico se inspiraram nele. Na Alemanha chamam-no Döppelgänger; na Escócia Fetch, porque vem buscar (fetch) os homens para levá-los à morte. Encontrar-se consigo mesmo é, por conseguinte, funesto; a trágica balada Ticonderoga, de Robert Louis Stevenson, conta uma lenda sobre esse tema. Recordemos também o estranho quadro How they met themselves, de Rossetti: dois amantes se encontram consigo mesmos, no crepúsculo do bosque. Caberia citar exemplos análogos de Hawthorne, de Dostoiewski e de Alfred de Musset. Para os judeus, pelo contrário, a aparição do duplo não era presságio de morte próxima. Era a certeza de haver alcançado o estado profético. Assim o explica Gershom Scholem. Uma lenda recolhida pelo Talmude narra o caso de um homem em busca de Deus, que se encontrou consigo mesmo. No conto Willian Wilson, de Poe, o duplo é a consciência do herói. Ele o mata e morre. Na poesia de Yeats, o duplo é nosso anverso, nosso contrário, o que nos complementa, o que não somos nem seremos. Plutarco escreve que os gregos deram o nome de outro eu ao embaixador de um rei (BORGES 2007, pp 85, 86)

          Depois desta etapa em forma de espelhos sonoros, humano, demasiado humano, o compositor Neder Nassaro se projetou vocalmente para tecer considerações sobre a sua peça Curto Circuito. Neder apenas leu um trecho que diz assim:

“Música é fluxo. Mesmo quando em silêncio é expressão continua. Ar, atrito, silêncio o ar nos engole e engolimos o ar que nos engloba. Mas nos atrevemos a reinventar o ar, que é som em potencialidade. Música é a arte de cortar o ar (NASSARO 2012, página móvel, livro vocal conversível).”

        O violonista Gabriel Lucena segurou o violão com força e, mirando os punhos e dedos nas cordas da expectativa, começou a serrar sonoramente aqueles afetos vibrativos. Ele simulou uma guilhotina cortadora de pneuma para nos mostrar que “a espera é um à toa muito ativo” (Guimarães Rosa), pois o vento sopra onde quer, ninguém sabe de onde ele vem e nem para onde ele vai. Por isso, é preciso estar sempre em processo de posição\elaboração de cortes precisos e estratégicos, pois o nosso corpo lançado no Dasein (Ser estar aí no mundo) é portador de musicalidade enigmática. Fernando Pessoa escreveu: “Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, timbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia (PESSOA 2011, p. 298).
          Lá pelos 40 minutos do segundo tempo, entrou em cena o jovem compositor Sérgio Roberto trazendo consigo pitadas de humor reflexivo. Ele esclareceu que a peça “A canção que não foi escrita” foi construída melodicamente e harmonicamente sobre um poema do poeta Mário Quintana. Sérgio também nos disse que ganhou de presente da comadre da filha dele um livro de poesias do Mário Quintana e que ao receber aquele emaranhado de palavras singelas, fez um pacto de musicar todos os poemas. Na solidão perfeita, Sérgio analisou quais poemas seriam musicalizados primeiramente, pois solidão para ele significa entregar-se a uma obra que somente ele pode fazer. No meio de muitos excelentes poemas, Sérgio se rendeu a entrega e escuta para decidir entre o bom e o melhor. Sobre esta sensibilidade para decisões abensonhadas, vale a pena conferir o que a experiente compositora Marisa Rezende escreveu:

 “Compor significa, entre outras coisas, fazer escolhas. Compor significa muitas coisas, entre elas, poder fazer escolhas. Duas estruturas semelhantes e uma diferença básica de intenção: no primeiro caso penso no compositor atuando no momento de compor. Optando por algum material, por alguma exploração deste material, por uma forma a ser dada a este material. Atento a códigos nele contidos e a processos que deles se desprendem. E, se entre a sensação e a opção já corre um rio, como não lembrar que são ambos fenômenos que dependem da percepção (REZENDE 2007, p. 77).”

         Antes de convidar os dois intérpretes (Mimi Cassiano: Soprano e Luiz Carlos Barbieri: Violão), Sérgio Roberto ressaltou que a canção nos dá a ideia de alguém que sorriu a alma triste do poeta e que um simples sorriso muda tudo. Quando os dois interpretes subiram ao palco, Sergio falou depois de muitos ensaios e gravações acompanhado de Mimi e Barbieri, fica muito difícil falar em composição própria, pois honesto e coerente é afirmar que rolou um coletivo autoral fruto de um processo alquímico coletivo, desempenhado por convergência de singularidades. Os dois intérpretes tocaram a pele da nossa alma ávida pela escuta de um Deus poético. Quando eles terminaram de executar a peça, todos nós falamos em nosso silêncio eloqüente: “Sem música, a vida seria um erro (Nietzsche)”.
        Para finalizar aquela tarde com chave de ouro, lá pelas tantas da prorrogação sem morte súbita na vida múltipla, o mago Alexandre Schubert (São Schubert) subiu ao palco para dar aquela canja retórica sobre a sua peça “Quarteto de Flautas”. Como sempre, ele estava super animado, por isso, enquanto falava empolgosamente, emitia rajadas de sorrisos e delírios de júbilos. São Schubert falou-nos que a peça foi composta há 22 anos (1992 eu acho) ....Direto do túnel do tempo....Schubert sorria e a platéia reagia com risos prol louvação e canonização da ancestralidade criativa. Enquanto a gente se borrava todo de tanto rir, Schubert explicava que aquela peça foi construída em dois movimentos. No 1º movimento, reside uma instrumentação compacta em estilo coral que migra para um estilo contrapontístico (fugato) e depois retorna à ideia coral inicial. Já no 2º movimento, rola dança frenética com pitadas visíveis e audíveis de rock progressivo. Schubert confidenciou-nos que nos tempos de juventude musicada, curtia muito escutar rock progressivo, por isso, esse tempero rockiano contido na segunda parte da orgia sonora das flautas. O compositor paulista Silvio Ferraz (UNICAMP) esclarece-nos muito claramente sobre a força penetrante\convergente de tudo o que ouvimos e gostamos de ouvir (nossas influências):

[...] quando escrevemos música nunca estamos sozinhos, pois uma série muito grande de diálogos atravessam nossa escrita. As obras nascem, assim, junto a uma linha infindável e quase irreconstituível de contágios. Qualquer coisa que se mexa à volta pode mudar o percurso de uma criação mesmo a mais predefinida. (FERRAZ 2007, pp 7, 8)
         
        A peça "Quarteto de Flautas" foi executada lindamente com ares de jovialidade e competência pelos brilhantes instrumentistas Gisele Mascarenhas, Priscila Maia, Rômulo Barbosa e Timóteo Pereira...Clap Clap Clap para este quarteto de sopros em forma de flautas da afetividade humana jovial humana...      
         Pelo panorama exposto na esteira das palavras deste texto, dá para entender que o grupo Prelúdio 21, é um grupo formado por compositores experientes e com carreira consolidada no âmbito da composição e do ensino de composição no Brasil. Não faz o menor sentido jovens compositores em início de carreira se gabarem arrogantemente afirmando bocudamente que são alunos de um destes compositores acima para obterem regalias e privilégios em forma de QI (quem indique e afins), pois segundo o filósofo espanhol Ortega y Gasset, um grande feito de um homem dignifica o pai deste homem; Um grande\grande feito dignifica o pai e o avô deste homem; Um grande\grande\grande feito dignifica o pai, o avô e o bisavô deste homem e assim segue o reconhecimento e louvação genealógica retroativa. A dignificação é sempre para trás e JAMAIS para frente para evitar o comodismo e a frouxidão da\na vida. Para frente é preciso ralar e conquistar. Nietzsche ressaltou que “dificilmente quebramos a perna quando subimos trabalhosamente na vida, mas sim quando fazemos corpo mole e tomamos os caminhos fáceis (NIETZSCHE 2002, p. 118).


        Parabéns aos compositores integrantes do Grupo Prelúdio 21 e todos os demais convidados (compositores, intérpretes, público, fotógrafos e afins) que durante o ano de 2012 transformaram as tardes do último sábado de cada mês, em prazerosos fragmentos do tempo marcado pela ação e magia da coisa sonora se fazendo coisa em forma de som como princípio de realidade. Estes compositores desbravadores nos mostraram a força da singularidade em prol da coletividade, pois fazer música\compartilhar música é preciso, competir não é preciso. Todos estavam engajados na conquista dos limites, pois o ser forte é ser forte no limite. A formiga é forte sendo só formiga e toda formiga. O leão é forte sendo leão e todo leão. O homem para ser feliz e forte, precisa ser somente homem e todo homem. O desejo de competição visando à superação dos limites humanos é utópico, antinatural e mortal, pois se um dia o homem conseguir superar os seus próprios limites, ele estoura e deixa de ser homem, porque desaparecerá como homem. O Prelúdio é forte porque é somente 21 e todo 21...E ISSO BASTA para 2013....
         Mas, e (...) se (...) o mundo acabar em 21 de dezembro? Perfeito....Os compositores morrerão com a sensação de dever cumprido. Nascer é se deparar com o esboço de si mesmo, viver é ir preenchendo aos poucos este esboço\rascunho de si mesmo, e morrer é se deparar com a alegria inconsciente de ser perfeito, pois quando o homem faz o que tinha que fazer, ele morre sem lamúrias e com sentimento de gratidão, por ter feito nem demais e nem de menos, mas por ter feito tudo o que tinha que fazer dentro dos limites. Morrer nestas condições é quando o homem vem todo inteiro para fora desde as suas mais profundas profundezas e encara o infinito da cumulação (do sumo), que é diferente do infinito matemático, pois neste divivo infinito, a cada passo que o homem dá, ocorre o todo, por isso, o pouco que se consegue dentro do possível, é tudo. E que venha o fim através da arte, fim marcado pelo acabamento, saturação, reunião (Sammlung), ajuntamento, síntese, compactação, concentração máxima para ver tudo o que a história pôde. Que venha o fim como história, como realização de possibilidades, pois cumular é encher-se todo e tudo que enche se esvazia e se renova pelo recomeço via retomada de forças. Que dia 21 de Dezembro seja um ponto máximo de concentração suprema, marcado por máxima intensidade, pois o fim nada mais é do que a possibilidade de reunião e de retomada de ação, pois a essência da ação está na cumulação, na plenitude da ação. Prelúdio 21 é formado por homens e a essência da ação está na cumulação, na plenitude da ação (HEIDEGGER 2009, pp. 23, 24); o homem é ação: é história se fazendo história no tempo do tempo. Lembre-se que cada um é filho de suas obras, dizia o velho Dom Quixote.

Recomendo a todos os integrantes que façam como o Orlando fez ...se entregando quanto cedo antes as orgias das águas purificadoras e sensualizadoras....Para o fim do mundo e o eterno retorno nascer feliz...O lance é pedir  aos deuses sombra e água fresca que porque o Senhor dos Afetos fará maravilhas em 2013...
Orlando esbanjando sensualidade MUSICALIGENTE.


 Um abraço sonoro e afetuoso do Joe.
Boas férias para todos...



Bibliografia consultada antes do fim do mundo...

BORGES, Jorge Luis. Livro dos seres imaginários. São Paulo: Companhia Das Letras, 2007.
DELEUZE, Gilles; GUATARRI, Felix. Kakfa. Por uma literatura menor. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

FERRAZ, Silvio (Org.). NOTAS. ATOS. GESTOS. Relatos composicionais de Marisa Rezende. Silvio Ferraz. Denise Garcia. Fernando Iazzetta. Marcos Lacerda. Rodolfo Caesar. Rogério Costa. São Paulo: 7 Letras, 2007.

FOGEL, Gilvan. O QUE É FILOSOFIA? Filosofia como exercício de finitude. Aparecida-SP: Idéias & Letras, 2009.

GALLO, Silvio. Tom Zé e o Ato da Criação. Em: TRATENBERG, Lívio (Orgs.): O OFÍCIO DO COMPOSITOR HOJE. São Paulo: Perspectiva, 2012, pp. 308-310.

HEIDEGGER, Martin. Sobre o Humanismo (cartas ao humanismo). Tradução: Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009.

PESSOA, Fernando. Livro do Desassossego. São Paulo: Companhia de Bolso, 2011.

KOELLREUTTER, Hans-Joachim. TERMINOLOGIA DE UMA NOVA ESTÉTICA DA MÚSICA. Porto Alegre: Editora Movimento, 1990.

MACHADO, Duda (Orgs.) FRIEDRICH NIETZSCHE. Breviário de Citações ou PARA CONHECER NIETZSCHE [Fragmentos e Aforismos]. Seleção, organização e tradução: Duda Machado. São Paulo: LANDY EDITORA, 2006.

NIETZSCHE, Friedrich. Humano Demasiado Humano. Volume II. Tradução de Paulo Cesar de Souza. São Paulo: Companhia Das Letras, 2002.

KLEE, Paul. Sobre a arte moderna e outros ensaios. Prefácio e notas: Günther Regel. Tradução: Pedro Süsskind. Revisão Técnica: Cecília Cotrim. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. pp 52-53)

REZENDE, Maria. Pensando a composição. Em: FERRAZ, Silvio (Org.). NOTAS. ATOS. GESTOS. Relatos composicionais de Marisa Rezende. Silvio Ferraz. Denise Garcia. Fernando Iazzetta. Marcos Lacerda. Rodolfo Caesar. Rogério Costa. São Paulo: 7 Letras, 2007, p. 77.

sábado, 8 de dezembro de 2012

A Mostra Fim dos Tempos na Caixa Cultural Rio. (12 filmes com a temática do apocalipse)




Fim dos Tempos
Mostra traz para a Caixa Cultural 12 filmes que abordam a temática do apocalipse
07.12.2012 a 21.12.2012.
Atenção para a programação para o dia 18, data que ocorrerá o debate:
Terça-feira - 18/12
17h – “O sacrifício”, de Andrei Tarkovski (Suécia, 1986, Drama, 142 min., 35mm, 13 anos)
19h – Debate – O Fim Através da Arte


http://www.caixacultural.com.br/html/main.html
http://www.cultura.rj.gov.br/evento/fim-dos-tempos

A Mostra Fim dos Tempos, que tem início sexta-feira, dia 7/12, na Caixa Cultural, exibe 12 filmes que tratam o tema do fim do mundo. O festival termina no dia 21, a suposta data do apocalipse, e traz para o público filmes que abordam o tema de diversos pontos de vista, como o cômico, o trágico, o dramático e inverosímel.

A programação abrange produções nacionais e estrangeiras, comoViagem ao Fim do Mundo, de Fernando Cony Campos eMelancolia, do diretor dinamarquês Lars Von Trier. Para terça, dia 11/12, a mostra organizou a leitura do último roteiro inédito e inacabado do cineasta Glauber Rocha, O destino da humanidade. Enquanto para a terça seguinte, 18/12, é aguardado o debate O fim através da Arte, com professores e pesquisadores de cinema e da área do pensamento.

Confira aqui a programação completa:

Sexta-feira - 7/12
17h – “Lacuna”, de André Lavaquial (Brasil, 2012, 73 min., DVD, Livre)
19h – “O sacrifício”, de Andrei Tarkovski (Suécia, 1986, Drama, 142 min., 35mm, 13 anos)

Sábado - 8/12
17h – “Quando o vento sopra”, de Jimmy T. Murakami (Inglaterra, 1986, Animação/Drama, 80 min, DVD, 13 anos)
19h – “Os Últimos dias do mundo”, de Arnaud Larrieu, Jean-Marie Larrieu (França, 2009, Comédia, 130 min., DVD, 14 anos)

Domingo - 9/12
17h – “O abrigo”, de Jeff Nichols (Estados Unidos, 2011, Drama, 120 min., Blu-Ray, 12 anos)
19h – “A hora final”, de Stanley Kramer (Austrália, 1959, Drama e Ficção Científica, 134 min., DVD, 12 anos)

Terça-feira - 11/12
17h – “Viagem ao fim do mundo”, de Fernando Campos (Brasil, 1968, Drama, 90 min., 35mm, 12 anos)
19h – Leitura do roteiro “O destino da humanidade”, de Glauber Rocha

Quarta-feira - 12/12
17h – “Pulse”, de Kiyoshi Kurosawa (Japão, 2001, Terror, 118 min., DVD, 14 anos)
19h – “A última onda”, de Peter Weir (Austrália, 1977, 106 min., Blu-Ray, 12 anos)

Quinta-feira - 13/12
17h – “O fim do mundo”, de August Blom (Dinamarca, 1916, Ficção Científica, 77 min., DVD, Livre)
19h – “Melancolia”, de Lars Von Trie (Dinamarca, 2011, Drama, 136 min., 35mm, 14 anos)

Sexta-feira - 14/12
17h – “A última noite”, de Don Mckellar (Canadá, 1998, 95min, DVD, 13 anos)
19h – “A última onda”, de Peter Weir (Australiano, Suspense, 1977, 106 min., Blu-Ray, 12 anos)

Sábado - 15/12
17h – “Viagem ao fim do mundo”, de Fernando Campos (Brasil, 1968, Drama, 90 min., 35mm, 12 anos)
19h – “O fim do mundo”, de August Blom (Dinamarca, 1916, Ficção Científica, 77 min., DVD, Livre)

Domingo - 16/12
17h – “O abrigo”, de Jeff Nichols (Estados Unidos, 2011, Drama, 120 min., Blu-Ray, 12 anos)
19h – “Melancolia”, de Lars Von Trie (Dinamarca, 2011, Drama, 136 min., 35mm, 14 anos)

Terça-feira - 18/12
17h – “O sacrifício”, de Andrei Tarkovski (Suécia, 1986, Drama, 142 min., 35mm, 13 anos)
19h – Debate – O Fim Através da Arte

Quarta-feira - 19/12
17h – “A última noite”, de Don Mckellar (Canadá, 1998, 95min., DVD, 13 anos)
19h – “Lacuna”, de André Lavaquial (Brasil, 2012, 73 min., DVD, Livre)

Quinta-feira - 20/12
17h – “Pulse”, de Kiyoshi Kurosawa (Japão, 2011, Terror, 118 min., DVD, 14 anos)
19h – “Os últimos dias do mundo”, de Arnaud Larrieu, Jean-Marie Larrieu (França, 2009, Comédia, 130 min., DVD, 14 anos)

Sexta-feira - 21/12
17h – “Quando o vento sopra”, de Jimmy T. Murakami (Inglaterra, 1986, Animação/Drama, 80 min., DVD, 13 anos)
19h – “A hora final”, de Stanley Kramer (Austrália, 1959, Drama e Ficção Científica, 134 min., DVD, 12 anos)

Sinopses:

O Abrigo
Atormentado por visões do apocalipse, um jovem pai se questiona se deve proteger sua família de uma tempestade iminente ou dele mesmo.

O Fim do Mundo
Um cometa passando próximo à Terra causa pânico, revoltas sociais e grandes desastres que levam ao fim do mundo.

A Hora Final
Após uma guerra nuclear global, os residentes da Austrália devem enfrentar o fato de que toda a vida será destruída em poucos meses.

Lacuna
As geleiras da Antártida caminham três milímetros por ano em nossa direção. Um desafio é calcular quando chegarão.

Melancolia
Duas irmãs veem seu já conturbado relacionamento desafiado enquanto um misterioso planeta ameaça se chocar com a Terra.

Pulse
Universitários japoneses investigam uma série de suicídios ligados a um site na internet que promete aos visitantes a chance de interagir com os mortos. As consequências levam ao caos em todo planeta.

Quando o vento sopra
Com a ajuda de panfletos governamentais, um casal de idosos constroi um abrigo e se prepara para um eminente ataque nuclear.

O sacrifício
Na alvorada da Terceira Guerra Mundial, um homem procura por uma forma de restaurar a paz na terra e descobre que, para isso, deve dar algo em retorno.

Os Últimos Dias do Mundo
Um homem está de férias na costa francesa e passa por situações bizarras e eventualmente apocalípticas, levando a uma narrativa de complexidade labiríntica

A Última Noite
Um grupo de pessoas com diferentes ideias de como lidar com o fim se encontra enquanto espera pelo apocalipse nas próximas seis horas, na virada do milênio.

A Última Onda
Um advogado de Sidney defende cinco aborígenes da acusação de assassinato. No processo, descobre coisas perturbadoras sobre ele mesmo e o destino do mundo.

Viagem ao Fim do Mundo
Durante um voo, passageiros confrontam suas aspirações, frustrações, medos e desejos, confundindo realidade e ficção.

Ficha técnica:
Coordenação geral: Fabiano de Freitas
Produção executiva: Diana Ilhescu
Curadoria: Fabiano de Freitas, Mauricio Bispo e Victor Dias
Realização: Ginja Filmes e Produções


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Recém Experientes gostam de Testinhas Proeminentes?




         Ser forte é ser forte no limite, pois o que passar deste limite, se torna arrogância, pendantismo e presunção. A formiga é forte, porque ela é só formiga. O leão é forte, sendo somente leão e agindo como um leão. O homem para ser forte precisa agir como homem, sendo somente homem. A força está na força da singularidade. Penso nisto, quando vejo docentes em início de carreira quando precisam encarar turmas dentro da categoria do ensino médio e fundamental. O aluno faz graduação, às vezes faz mestrado (doutorandos só querem saber de adultos), faz concurso para o Estado ou para Prefeitura, é aprovado, e pum!!!!! Chega ao primeiro dia de aula e se depara com aquela gurizada porra louca, animada e cheio de energia bélica. Ihhhhhhhhhhh.....Tio de música chegou!!!! Hehehe....
         Me lembro que no primeiro dia de aula, encarei uma turma de uns 35 alunos (parecia sardinha muvucada)...faixa etária entre 10 e 12 anos. A primeira coisa que eles me perguntaram foi: Tio de Música! Qual é o teu nome? Joe ou Joeblack...Tio de Música: O Senhor sabe dançar funk? Não... Tio de Música! Manero porque você usa brincos enormes..Tio de Música! Você é casado? Naaaaaao. Tio de Música! Mas o Senhor tem namorada? To brigado com a pitanga, disse eu....Tio...Pitanga..Manero este nome (e você gosta dela? Sim...Tio de Música! Tu tem facebook? Tenho..Dá pra gente o endereço...Tio de Música! Mas, o Senhor tem filho, não tem? Não tenho...Tio de Música! Quantos anos o Senhor tem? 32.."Ih Tio..ENTÃO O SENHOR É BROCHA...Meu pai é mais novo do que ocê e já tem 5 filhos"....Me caguei (borrei de rir) naquela manhã de delírios cômicos de júbilo e de lógica social\contextual.....Tentei me segurar, mas não deu, mas faz todo sentido a analogia daquelas crianças, pensando no contexto em que eles vivem. Fazer filhos é um sinal de sensualidade e potência masculina e feminina. Mas, para não ficar mal na fita afirmei: "Tio é brocha coisa nenhuma...o Tio dá no couro três vezes ao dia"...."Ihhhhhhhhh;....Caraaaaaaaaaca ....O Tio é o caaaaaaaaara"...reagiram eles..."Tio! Conta prá gente: Quem é que tu tá pegando?...É uma professora? Tio..conta...só no sapatinho"...Non non nin non non...rs..finalizei eu...."Tio, eu só tenho 12 anos, mas já tenho um piruzão...Tio! Prá quê esconder o jogo? Tio, ninguém aqui é otário não tio.....Eu vejo redtubes....bigtitstubes....http:::tubes..tubes tubes..."...Naaaaaao, vamos começar a aula...
          Nunca me esqueci o dia em que entrei dentro de uma sala de aula e vi uma criança de 6º ano que disse-me na cara de pau: Tio de Música! Nem adianta você me dá letras de música para eu ler, porque eu ainda não sei ler...Nunca me esqueci o dia em que uma criança de 1ª série chorava dolorosamente e toda turma sofria silenciosamente numa cumplicidade de sofrimento kid coletivo. Nunca me esqueci o dia que uma criança bem negrinha me abraçou no final da aula e disse-me no meu ouvido: Tio! Quando eu crescer, eu quero ser professor igual o senhor. Nunca me esqueci o dia em que entrei numa turma do balacubaio de 1º ano e pedi a uma criança agitadérrima chamada Alcivan que ele fosse meu inspetor. E ele perguntou-me: "Tio de Música! Mas o que é ser inspetor"?...Eu expliquei.."Você vai ficar de olho nos teus colegas. Se você vê alguns bagunçando ou brigando, você chega junto e briga com eles e\ou me avisa. Somos parceiros, ta?" Ele disse: "fechado tio"...Ele era o poderoso chefão da bagunça..Começou a aula e a turma tava naquele agito de sempre, e lá tava ele gritando: "Fulano! Fica quieto...Tio mandou"...O Fulano ta bagunçando.."O tio falou que eu sou inspetor", peitava ele diante dos colegas capetinhas....Ele cumpriu esta função durante uns 5 minutos...Sem querer querendo, lá estava ele comandando a bagunça...kkkk....Quando eu olhei para ele, ele disse: "Ih Tio! Esqueci...Adoro uma baguncinha...kkk"....O legal da criança é que ela bate no outro com frieza e volta a ser amigo com a maior frieza. A criança brinca e briga com naturalidade pueril, e isso, é importante para o desenvolvimento das forças defensivas cognitivas, pois se a criança ficar sem este exercício bélico, ela cresce e se torna um adulto boboca e sem capacidade de auto defesa e enfrentamento no mundo do tudo a favor de tudo e do tudo contra todos.
         Nunca me esqueci do dia que vi uma criança quebrando um brinquedo e insensivelmente, a tia brigou com aquela criança. A criança destrói\abre o brinquedo para descobrir\visualizar a alma do brinquedo, escreveu o filósofo alemão Walter Benjamin em seu singelo livro “Reflexões sobre a criança e o brinquedo”. Penso que nós, professores devemos ser homens e mulheres com olhos de boa vontade, para olhar o mundo mágico da criança. Penso que devemos ser portadores da escuta de boa vontade para escutar a sonoridade do mundo mágico da criança. Penso que devemos ser garimpeiros e mecânicos de boa vontade para entrar no mundo mágico da criança para entendermos a alma da criança. Se não nos colocarmos no lugar das crianças, ficaremos sempre fora, a beira do portão do Reino dos Céus...Ficaremos na expectativa do desejo a margem da ignorância e\ou arrogância de nós mesmos.
         As testinhas proeminentes estão por todas as partes, bastam olhos docentes sensíveis, humildes e estratégicos para ver.
        Observar é preciso, desesperar não é preciso...e o Esperançar será benquisto.

Quanto a problematicidade dos salários baixos dos professores eu deixo uma citação do Prof. Dr. Osvaldo Ribeiro (Faculdades Unidas de Vitória).

“No fundo, há uma generalização. Alguns professores ganham muito mal, outros, ganham mal, alguns ganham o suficiente para uma vida boa. Seria interessante um estudo que mostrasse onde estão os maiores problemas - na faixa dos que ganham muito mal, dos que ganham mal ou dos que ganham bem. Se a questão for apenas salário, onde se ganha bem o ensino deve ser muito bom, e onde se ganha mal, muito mal.

Penso bem?”
abraços do Joe
Joe....

Links recomendáveis:
Teologia, Política e Fenomenologia da Religião
(Harmonias e Heresias)
MPB e Jazz (composições e arranjos de Joe).
"IGREJA" CRISTO EM NIETZSCHE (porque crer ou não crer é também pensar).