terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mostra Escola de Berlim apresenta a nova cara cinematográfica da Alemanha (CCBB Rio de 27 Set a 14 Outubro)



Escola de Berlim
27 Set a 14 Out
Local: Cinema | CCBB RJ
 
Horário: Quarta a segunda, conforme a programação
 


Programação



>> 27 de Setembro – Sexta-feira

14h
 – Yella   |   89 min, 35mm, 12 anos    
18h
 – Marselha   |   95 min, 35mm, Livre



>> 28 de Setembro – Sábado

18h
 – A Cidade Abaixo   |   110 min, 35mm, 12 anos



>> 29 de Setembro – Domingo
16h
 – Festival do Rio
18h
 – À Procura   |   89 min, 35mm, Livre



>> 30 de Setembro – Segunda-feira
14h
 – A Segurança Interna, 108 min, 35mm, 12 anos
16h
 – PALESTRA   |   Livre
18h
 – Excursão Escolar, 86 min, 35mm, 12 anos



>> 2 de Outubro – Quarta-feira
14h
 – A Doença do Sono   |   91 min, 35mm, Livre
16h
 – PALESTRA   |   Livre
18h
 – Nas Sombras   |   85 min, 35mm, 12 anos    



>> 3 de Outubro – Quinta-feira
14h
 – A gatinha esquisita   |   72 min, Blu-ray, Livre    
16h
 – Debate com o curador Georg Seesslen e os cineastas Nicolas Wackerbarth, Ramon Zürcher,Eryk Rocha, Gustavo Pizzi. Mediação: Tatiana Leite   |   Livre
18h – Todos os outros   |   119 min, Blu-ray, 12 anos


>> 4 de Outubro – Sexta-feira
14h
 – Viver na RFA   |   83 min, DVD, 16 anos
18h
 – Meia Sombra   |   80 min, Blu-ray, 12 anos



>> 5 de Outubro – Sábado
18h
 – Dreileben: Algo melhor do que a morte   |   88 min, Blu-ray, 12 anos


>> 6 de Outubro – Domingo
18h
 – Dreileben: Um minuto no escuro   |   90 min, Blu-ray, 12 anos



>> 7 de Outubro – Segunda-feira
14h
 – Saudade   |   88 min, 35mm, 12 anos
18h
 – Dreileben: Não me siga   |   88 min, Blu-ray, 12 anos



>> 9 de Outubro – Quarta-feira
14h
 – À Procura   |   89 min, 35mm, Livre
18h
 – Ouro   |   101 min, bluray, 14 anos



>> 10 de Outubro – Quinta-feira
14h
 – A Cidade Abaixo   |   110 min, 35mm, 12 anos
18h
 – A Doença do Sono   |   91 min, 35mm, Livre



>> 11 de Outubro – Sexta-feira
16h
 – A Segurança Interna   |   108 min, 35mm, 12 anos
18h
 – Excursão Escolar   |   86 min, 35mm, 12 anos
20h
 – Saudade   |   88 min, 35mm, 12 anos



>> 12 de Outubro – Sábado
16h
 – Marselha   |   95 min, 35mm, Livre
18h
 – Yella   |   89 min, 35mm, 12 anos
20h
 - Nas Sombras   |   85 min, 35mm, 12 anos



>> 13 de Outubro – Domingo
16h
 – Dreileben: Algo melhor do que a morte   |   88 min, Blu-ray, 12 anos
18h
 – Dreileben: Um minuto no escuro   |   90 min, Blu-ray, 12 anos
20h
 - Dreileben: Não me siga   |   88 min, Blu-ray, 12 anos



>> 14 de Outubro – Segunda-feira
17h30min
 – Todos os outros   |   119 min, Blu-ray, 12 anos
20h
 - A gatinha esquisita   |   72 min, Blu-ray, Livre

Parte das comemorações do Ano da Alemanha no Brasil, a mostra apresenta o cinema da Escola de Berlim, um estilo estético da cinematografia alemã surgido em meados dos anos noventa, que iniciou uma nova fase do cinema autoral daquele país. Além da exibição dos filmes, um ciclo de palestras com diretores e profissionais debaterá a linguagem cinematográfica e a ideia por trás dos filmes.  

Curadoria: Georg Seesslen. 
Parceria: Goethe-Institut do Rio de Janeiro e Festival do Rio.



Após a Bienal do Livro do Rio, que colocou o foco na Alemanha – e a Bienal de Frankfurt, inversamente, vai homenagear o Brasil, em outubro –, o Festival do Rio, que começa dentro de duas semanas, também coloca o foco na cinematografia alemã. A lista de eventos especiais inclui uma mostra chamada Escola de Berlim, que os paulistas vão ver antes. Começa nesta quarta (11) no Centro Cultural Banco do Brasil o evento que traz uma seleção de filmes representativos da nova fase do cinema autoral da terra da chanceler Angela Merkel.
O termo ‘escola de Berlim’ não se refere propriamente a uma escola de cinema, mas a um conceito estético que vem definindo o cinema da Alemanha dos últimos 20 anos. Esse novíssimo cinema alemão será agora debatido na mostra que o CCBB realiza em parceria com o Instituto Goethe. Além dos filmes, serão realizados debates – e convidados como o diretor Henner Winkler e o curador Thomas Arslan passarão por São Paulo, só depois indo ao Rio, onde o CCBB abrigará a mesma mostra a partir do dia 27, já dentro do festival carioca. São 19 longas produzidos entre 1990 e 2013. Boa parte é completamente inédita no País, incluindoMarselha, de Angela Schalenec, exibido na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes, e Ouro, de Thomas Arslan, que participou da mostra competitiva do Festival de Berlim, em fevereiro. Quem assistir a pelo menos cinco títulos do programa ganhará, gratuitamente, o livro catálogo com textos inéditos.

Um dos primeiros a perceber o fenômeno que seria conceituado como Escola de Berlim, o crítico Georg Seesslen escreveu no jornal Die Tageszeitum sobre o aparente paradoxo – “Você vê algo que se vê diariamente e percebe, no mesmo instante, que nunca viu antes.” Vale contextualizar – nos anos 1990, o cinema alemão era dominado por comédias leves, coproduzidas pela TV privada. Contra isso se insurgiu um grupo de jovens cineastas de Berlim. Christian Petzold e Thomas Arslan, entre outros, mudaram o foco e passaram a fazer filmes que retratavam a suposta banalidade do cotidiano. Só que trataram o banal num estilo hiperrealista, no qual embutiram questões relevantes – existenciais, filosóficas, políticas.
A Escola de Berlim ampliou-se e hoje abriga autores de outras cidades, como Munique, sem que fale, por isso, de uma Escola de Munique. O importante é que todos esses filmes retratam uma Alemanha como você não costuma ver na tela. Seus diretores possuem base teórica e Christian Petzold, Benjamin Heisenberg e Christoph Hochhäusler editam duas vezes por ano uma revista sugestivamente chamada Revólver, com a qual disparam textos irados contra o establishment sócio/econômico e as tendências estéticas vigentes. E tudo começou nos anos 1970, quando o pioneiro Haroun Farocki fazia seus filmes no meio operário. Foi o mestre de Petzold e até hoje é roteirista de seus filmes. Uma das atrações da mostra, veja no quadro, é um filme dele.
ATRAÇÕES
‘Caminho do Bosque’
De Christoph Hochhäusler, parábola familiar sobre crianças abandonadas pela madrasta
‘Viver na RDA’
De Haroun Farocki, documentário sobre o fim do comunismo
‘A Doença do Sono’
De Ulrich Köhler, sobre a atração europeia pela África primitiva
‘Nas Sombras’
De Thomas Arslan, sobre ex-presidiário que tenta golpe
‘Yella’
De Christian Petzold, pelo qual Nina Hoss foi a melhor atriz em Berlim, 2007


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O HOMEM DO RIQUIXÁ. Uma obra prima de HIROSHI INAGAKI. Cinema japonês




BLOG O ESTADÃO

http://blogs.estadao.com.br/luiz-zanin/o-homem-do-riquixa/


Matsugoro é um pobre puxador de riquixá, cujo espírito alegre e otimista faz com que ele seja considerado o favorito da cidade. Um dia, ele ajuda Toshio, um garoto ferido, sendo então contratado por seus pais, o capitão Kotaro e sua mulher Yoshiko, para transportá-lo em suas idas às sessões de terapia.

"O Homem do Riquixá" é mais uma ótima realização do cinema japonês. Dirigido pelo cineasta Hiroshi Inagaki, que também co-assina o roteiro, o filme narra a história de um puxador de riquixá e sua relação com uma família de classe alta, mostrando sua devoção e seu amor mantidos em segredo.


SANGUE NAS ÁGUAS (Children Of Glory). Cinema húngaro..Dirigido por: Krisztina Goda


A celebração da heróica revolução húngara de 1956 que se passa em Budapeste e nos Jogos Olímpicos de Melbourne em outubro e novembro desse ano. Enquanto tanques soviéticos arrasavam seu país a equipe húngara de pólo aquático vencia os soviéticos na disputa de pólo aquático mais violenta da história.


TRAILER




Children of Glory (filme completo)


Children Of Glory

Película completa em Espanhol



Ontem, hoje e amanha. Diretor: Vittorio De Sica. (cinema italiano)


FILME COMPLETO..



Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, ONTEM, HOJE E AMANHÃ é um dos mais elogiados trabalhos do neo-realista Vittorio de Sica. Os astros do cinema italiano, Sophia Loren e Marcello Mastroianni, vivem encontros e desencontros em três divertidas histórias sobre três diferentes casais em três contextos sociais distintos: "Adelina" (com argumento de Eduardo De Filippo) é uma contrabandista de cigarros em Nápoles que, para evitar a prisão, faz filhos sem parar. Quem não gosta desta situação é o abnegado marido, que não consegue responder aos desejos sexuais da sua voluptuosa e insaciável mulher..."Anna" (inspirado num conto de Alberto Morávia) é uma burguesa de Milão que, para lutar contra o tédio, é infiel ao seu marido e sonha fugir com um jovem intelectual. Todavia, o primeiro encontro entre ambos não é muito animador..."Mara" (com argumento de Cesare Zavattini) uma rapariga leviana de Roma seduz um jovem seminarista e decide fazer um voto de abstinência sexual para desgraça do seu namorado..


Ping Pong na Mongólia. Diretor: Ning Hao. (cinema chinês)



Na Mongólia, numa região sem energia elétrica ou água encanada, o pequeno Bilike e seus amigos encontram uma bola de ping pong. Como nunca viram tal objeto antes, começam a questionar o mundo ao redor deles.


TRAILER





SENÃO NÓS, QUEM? Um fime de Andres Veiel (cinema alemão)


TRAILER


  • Alemanha Ocidental na década de 1960. O país está calmo - por enquanto. Bernward Vésper, Gudrun Ensslin e Dörte. Os três amigos vivem juntos, mas logo se vê que Gudrun e Bernward são almas gêmeas. Os dois tornam-se parte de uma revolução social e política que logo toma conta de todo o mundo: movimentos de libertação, protestos estudantis e do movimento Black Panther nos EUA, drogas e rock 'n roll ". O curso da história é inexorável, mas, na época, por um momento, parece que seria possível mudar o seu caminho. Se não nós, quem? E quando, se não agora?


YERMA. Filme baseado na obra de Yerma Federico Garcia Lorca



FILME COMPLETO



Sobre YERMA, consultar o link abaixo (bellow):


SONHOS EM MOVIMENTO - NOS PASSOS DE PINA BAUSCH. Diretores: Anne Linsel e Rainer Hoffmann


TRAILER




Em 2008, pouco meses antes de sua morte, Pina levou de volta aos palcos seu famoso espetáculo Kontkthof. A diferença é que desta vez, não forma os bailarinos profissionais de sua companhia de dança que interpretam o trabalho, mas sim adolescentes de 14 a 18 anos que nunca tinham subido num palco antes e sem muito contato com a arte dos movimentos coporais. 

CARACTERÍSTICAS: 
Idioma do Áudio: Alemão 
Código da Região: ALL - Todas as regiões 
País de Produção: Alemanha 
Idioma da Legenda: Português 
Ano de Produção: 2010 
Premiação Conquistada: Seleção Oficial Do Festival De Berlim 2012 
Inadequação: DOCUMENTÁRIO – DANÇA 


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Silêncio de Deus, Silêncio dos Homens - Babel e a Sobrevivência do Sagrado na Literatura Moderna. Autor: Erick Felinto



Neste livro de Erick Felinto alia erudição e simplicidade. O leitor encontra, ao mesmo tempo, um inventário das encarnações do sagrado na literatura moderna e uma reflexão sobre a questão da língua. Nomear é tudo. O poder máximo do demiurgo é o de dar nome. Cabe ao autor mostrar as imbricações de todos esses elementos. Cabe ao leitor simplesmente seguir o fio das idéias. Não é difícil alguém se deixar dominar pelo texto de Felinto, uma trama feita de sedução, maleabilidade, argumentação impecável e um senso do sagrado que, sem abdicar do primado da razão, eleva ao ponto máximo o mistério do pensamento. Silêncio de Deus, silêncio dos homens é uma reflexão ambiciosa sobre modernidade cultural. Compõe um autêntico panorama histórico-filosófico, olhando a modernidade pelo avesso, definindo-a pelo viés do místico, do esotérico, do sagrado. Erick Felinto chegou à crítica da cultura pelo clássico caminho da crítica literária, a partir da combinação entre uma formação pós-graduada híbrida de Comunicação e Letras e uma espécie de auto-didatismo voraz que o fez incursionar pela Torah e pela Cabala, lembrando os marcos reflexivos de um Walter Benjamin. A resultante de tal combinatória se dá na clave do brilhantismo. O leitor e a leitora não se decepcionarão, se o que buscam é inteligência, aliada à erudição.

Extraído da fonte (Editora Sulinas)


Mais informações sobre a obra.

Livro de Cabeceira. Diretor: Peter Greenway

Filme completo...FULL

The Pillow Book (em Portugal e no Brasil, O Livro de Cabeceira) é um filme franco-britânico de 1996, dirigido por Peter Greenaway, baseado nas Notas de Cabeceira da escritora medieval japonesa Sei Shōnagon.
Sinopse
Em Quioto, uma jovem chamada Nagiko recebe um estranho presente de aniversário de seu pai, um calígrafo célebre, que resolve desenhar uma escrita no rosto da criança. Anos mais tarde, quando Nagiko se torna mulher, a sua vida sexual irá ser marcada por aquele voto. Ela procura incessantemente um amante ideal, alguém que satisfaça um desejo de cumplicidade entre o corpo e a escrita. Depois de alguns fracassos, acaba por encontrar em Hong Kong um tradutor ocidental da língua japonesa (Jerome), que a seduz imediatamente. Mas Jerome mantém uma relação homossexual com um homem muito mais velho, facto que Nagiko não perdoa.
Elenco
·         Vivian Wu...........Nagiko
·         Ken Ogata............o pai
·         Yoshi Oida.........o editor
·         Ewan McGregor..Jerome
Sobre o filme
The Pillow Book baseia-se num livro homónimo escrito por uma dama que viveu na corte japonesa do século X. Greenaway transpôs a acção do filme para a actualidade, utilizando os motivos estéticos e plásticos que sempre caracterizaram o seu trabalho. Tal como em outros dos seus filmes em que as personagens femininas são as mais fortes, também aqui Nagiko é a personagem que começa passivamente por ser o "papel", acaba por se transformar perversamente na "pluma"1 . Um filme que pode ser lido como uma metáfora de como o poder sensual da escrita e da literatura pode levar ao êxtase físico.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Clitóris, o prazer proibido. (Documentário EXCELENTE -legendado)


DOCUMENTÁRIO

"Por séculos, o clitóris conseguiu a façanha de aparecer e desaparecer diversas vezes. O primeiro anatomista a fazer referência a essa parte do corpo feminino foi Ronaldo Columbus, em 1559, quando o descreveu como a “cidade do amor”. O filósofo francês René Descartes, 100 anos depois, achou que tivesse feito a descoberta. Para ele, sem o prazer clitoriano, as mulheres não se submeteriam à maternidade. Mas depois disso, o clitóris caiu no esquecimento por muitos anos, até que em 1884, George Cobald publicou uma série de desenhos que não poderiam mais ser negligenciados pela ciência."




História da Literatura Brasileira - da Carta de Caminha Aos Contemporâneos . Autor: Carlos Nejar



História da Literatura Brasileira - da Carta de Caminha Aos Contemporâneos
Editora: Leya Brasil

Em edição revista e ampliada, Carlos Nejar - membro da Academia Brasileira de Letras - apresenta o vasto panorama desde os primórdios de nossa literatura até os escritores contemporâneos, construído por meio de uma análise segura, erudita e, principalmente, apaixonada. A obra nasce de uma proposta inovadora: elaborar uma visão que se distancie do "excesso da permanência do Modernismo" e que deixe de conceder importância excessiva à linguagem, valorizando a relação do texto com a vida.


Entrevista com Carlos Nejar.




terça-feira, 10 de setembro de 2013

Lançamento dos livros Cinema e Educação e Godard e a Educação (23\09\2013)



Profª Drª Adriana Fresquet postou:
Convido aos interessados pelo cinema e a educação, para o lançamento da coleção Alteridade e Educação da Editora Autêntica, com os livros Cinema e Educação e Godard e a Educação no marco do evento Das redes às paredes (UFF, UnB, UFRJ, UFBA), no próximo 23 de setembro às 21h no MAR Museu de Arte do Rio.


ECCE HOMO. Como Alguém se Torna o que é . (Melhores momentos)




Falando teologicamente – preste-se atenção, pois raramente falo como teólogo -, foi o próprio Deus que, ao fim de sua jornada de trabalho, estendeu-se em forma de serpente sob a árvore do Conhecimento: assim descansou de ser Deus...Havia feito tudo demasiado bonito...O Diabo é apenas a ociosidade de Deus a cada sete dias.

NIETZSCHE, Friedrich.   ECCE HOMO. Como Alguém se Torna o que é. Tradução, Notas e Posfácio de Paulo César de Souza. 2ª edição. São Paulo: Companhia Das Letras, 2004, página 96.

Quem sabe respirar o ar de meus escritos sabe que é um ar das alturas, um ar forte. É preciso ser feito para ele, senão há o perigo nada pequeno de se resfriar. O gelo está próximo, a solidão é monstruosa – mas quão tranquilas banham-se as coisas na luz! Com que liberdade se respira! Quantas coisas sente-se abaixo de si! – filosofia, tal como até agora a entendi e vivi, é a vida voluntária no gelo e nos cumes – a busca de tudo o que é estranho e questionável no existir, de tudo o que a moral até agora baniu. Uma longa experiência, trazida por tais andanças pelo proibido, ensinou-me a considerar de modo bem diferente do desejável as razões pelas quais até agora se moralizou e se idealizou: a história oculta dos filósofos, a psicologia de seus grandes nomes surgiu-me às claras. Quanta verdade suporta, quanta verdade ousa um espírito¿ Cada vez mais tornou-se isto para mim a verdadeira medida de valor. Erro (- a crença no ideal - ) não é cegueira, erro é covardia... Cada conquista, cada passo adiante no conhecimento é consequência da coragem, da dureza consigo...Eu não refuto os ideais, apenas ponho luvas diante deles...Nitimur in vetitum (Lançamo-nos ao proibido): com este signo vencerá um dia minha filosofia, pois até agora proibiu-se sempre, em princípio, somente a verdade. –

NIETZSCHE, Friedrich.   ECCE HOMO. Como Alguém se Torna o que é. Tradução, Notas e Posfácio de Paulo César de Souza. 2ª edição. São Paulo: Companhia Das Letras, 2004, página 18.

[...] Os alemães despojaram a Europa da seriedade, do sentido de sua última grande época, a época da Renascença, no momento em que uma mais elevada ordem de valores, em que os valores nobres, afirmadores da vida, afiançadores do futuro, haviam triunfado na própria sede dos valores opostos, de declínio – e até nos instintos dos lá sediados! Lutero, esse frade fatal, restaurou a Igreja e, mil vezes pior, o cristianismo, no momento em que este sucumbia...O cristianismo, essa negação da vontade de viver tornada religião!...Lutero, um monge impossível, que devido à sua “impossibilidade” atacou a Igreja e – em consequência! – a restaurou...Os católicos têm motivos para celebrar Lutero em festivais, compor peças em sua homenagem...Lutero – e o “renascimento moral”! Ao diabo com toda a psicologia! Sem dúvida os alemães são uns idealistas. [...]

NIETZSCHE, Friedrich.   ECCE HOMO. Como Alguém se Torna o que é. Tradução, Notas e Posfácio de Paulo César de Souza. 2ª edição. São Paulo: Companhia Das Letras, 2004, página 104.

[...] Tudo o que se chamava “verdade” é reconhecido como a mais nociva, pérfida e subterrânea forma da mentira; o sagrado pretexto de “melhorar” a humanidade como ardil para sugar a própria vida, torná-la anêmica. Moral como vampirismo...Quem descobre a moral descobriu com isso o não-valor dos valores todos nos quais se acredita ou se acreditou; nada mais vê de venerável nos tipos mais venerados e inclusive proclamados santos, neles vê a mais fatal espécie de aborto, fatais porque fascinavam...A noção de “Deus” inventada como noção-antítese à vida – tudo nocivo, venenoso, caluniador, toda a inimizade de morte à vida, tudo enfeixado em uma horrorosa unidade! Inventada a noção de “além”, “mundo verdadeiro”, para desvalorizar o único mundo que existe – para não deixar à nossa realidade terrena nenhum fim, nenhuma razão, nenhuma tarefa! A noção de “alma”, “espírito”, por fim, “alma imortal”, inventada para desprezar o corpo, torná-lo doente – “santo” -, para tratar com terrível frivolidade todas as coisas que na vida merecem seriedade, as questões de alimentação, habitação, dieta espiritual, assistência a doentes, limpeza, clima! Em lugar da saúde a “salvação da alma” – isto é, uma folie circulaire [loucura circular] entre convulsões de penitência e histeria de redenção! A noção de “pecado” inventada juntamente com o seu instrumento de tortura, a noção de “livre-arbítrio”, para confundir os instintos, para fazer da desconfiança frente aos instintos uma segunda natureza! Na noção de “desinteressado”, de “negador de si mesmo”, a verdadeira marca de décadence, a sedução do nocivo, a incapacidade de encontrar o próprio proveito, a autodestruição, convertidos no signo de valor absolutamente, no “dever”, na “santidade”, no “divino” no homem! Por fim – é o mais terrível – na noção do homem bom a defesa de tudo o que é fraco, doente, malogrado, que sofre de si mesmo, tudo o que deve perecer -, contrariada a lei da seleção, tornada um ideal a oposição ao homem orgulhoso, que vingou, que diz Sim, que está seguro, que dá garantia do futuro – este chama-se agora o mau...E nisso tudo acreditou-se como moral!

NIETZSCHE, Friedrich.   ECCE HOMO. Como Alguém se Torna o que é. Tradução, Notas e Posfácio de Paulo César de Souza. 2ª edição. São Paulo: Companhia Das Letras, 2004, página 116, 117.



50 filmes para conhecer criticamente a História


O site OUTRAS MÍDIAS criou uma lista de 50 filmes com temáticas históricas. Entre os títulos, podemos observar: o clássico "Tempos Modernos" de Chaplin,; o recente "No" sobre a ditadura chilena; o conhecido "O nome da Rosa", além de filmesnacionais como "O Que é isso, Companheiro?". 

Vejam a lista completa no link abaixo:

KAFKA - PARA UMA LITERATURA MENOR (livro excelente)



O trabalho crítico de Deleuze e Guattari é de uma importância essencial para o conhecimento da obra de Kafka, sendo a pessoa do escritor, simultaneamente, bem reconhecível nessa exigência que Kafka se impunha através da literatura. Deleuze e Guattari disponibilizam-nos a arquitectura rizomática da obra, uma literatura frequentemente escamoteada pelo artifício falacioso utilizado por alguns intérpretes. O alemão, que Kafka nunca aceitou como língua materna, avivou, desse modo, a sensibilidade excessiva e autêntica que o escritor sentia pela linguagem, levou-o continuamente a uma confrontação com a tradição que o rodeava; Kafka Judeu Checo escrevendo em alemão. Escrita de uma vivida disjunção, literatura em diáspora, arrastada para um exílio intérmino, a obra de Franz Kafka é, desta vez, submetida a uma apreciação que ultrapassa, de muito, a análise possível, destituindo-a do pressuroso miserabilismo que todos os disparatados mitógrafos lhe atribuíram, ao autor e à obra.
Opinião do Leitor


Borges oral & sete noites (MELHORES MOMENTOS)..Literatura argentina




BORGES, Jorge Luis. Borges oral & sete noites.
O LIVRO
Lembro-me de que há muitos anos realizou-se uma pesquisa de opinião sobre o que seria pintura. Perguntaram isso a minha irmã Norah e ela respondeu que a pintura é a arte de dar alegria com formas e cores. Eu disse que a literatura também é uma forma da alegria. Se lemos alguma coisa com dificuldade, é que o autor fracassou. Por isso considero que um autor como Joyce essencialmente fracassou, porque sua obra exige um esforço. Um liro não deve exigir um esforço, a felicidade não deve exigir um esforço. Penso que Montaigne está certo. Depois ele enumera os autores que gosta. Cita Virgílio, diz preferir as Geórgias à Eneida; eu prefiro a Eneida, mas isso não tem nada a ver. Montaigne fala dos livros com paixão, mas diz que, embora os livros sejam uma felicidade, são ao mesmo tempo um prazer lânguido.
[...]
         Fui professor de literatura inglesa durante vinte anos na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires. Sempre aconselhei meus estudantes a ter pouca bibliografia, a não ler críticas, a ler os livros diretamente; talvez deixem de entender muitas coisas, mas sempre terão prazer e estarão ouvindo a voz de alguém. Eu diria que o que um autor tem de mais importante é sua entonação; o que há de mais importante num livro é a voz do autor, essa voz que chega até nós.
Dediquei parte de minha vida às letras, e acredito que uma forma de felicidade é a leitura; outra forma de felicidade, menor, é a criação poética, ou o que chamamos criação, que é uma mistura de esquecimento e recordação das coisas que lemos.

          A opinião de Emerson coincide com a de Montaigne no fato de que devemos ler unicamente aquilo de que gostamos, de que um livro precisa ser uma forma de felicidade. Devemos tanto às letras! Eu me dediquei mais a reler do que a ler, acho que reler é mais importante que ler, com o detalhe de que para reler é preciso ter lido. Pratico este culto ao livro. Posso afirmá-lo de um modo que talvez pareça patético e não quero que seja patético; quero que seja como uma confidência que faço a cada um de vocês; não a todos, mas a cada um individualmente, porque “todos” é uma abstração e “cada um” é verdadeiro.
[...]
         O conceito de um livro sagrado, do Corão ou da Bíblia ou dos Vedas – onde também se afirma que os Vedas criam o mundo – pode ter ficado para trás, mas o livro ainda conserva a santidade, que devemos cuidar para que não desapareça. Pegar um livro e abri-lo contém a possibilidade do fator estético. O que são as palavras deitadas num livro¿ O que são aqueles símbolos mortos¿ Nada, absolutamente. O que é um livro, se não o abrimos¿ É simplesmente um cubo de papel e couro, com páginas; mas, se o lemos, acontece uma coisa estranha, acho que ele muda a cada vez.
          Heráclito disse (repeti inúmeras vezes) que ninguém vai duas vezes ao mesmo rio. Ninguém vai duas vezes ao mesmo rio porque as águas mudam, mas o mais terrível é que nós somos tão fluídos quanto o rio. Toda vez que lemos um livro, o livro se modificou, a conotação das palavras é outra. Além disso, os livros estão impregnados de passado.
[...]
          Se lemos um livro antigo é como se lêssemos todo o tempo transcorrido entre o dia em que ele foi escrito e nós. Por isso convém manter o culto ao livro. O livro pode estar cheio de erratas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas ele ainda conserva alguma coisa sagrada, alguma coisa divina, não com respeito supersticioso, mas com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria.
        Era o que eu queria dizer-lhes hoje.
24 de maio de 1978
Fonte:
BORGES, Jorge Luis. Borges oral & sete noites. Tradução: Heloisa Jahn São Paulo: Companhia Das Letras, 2011.
Páginas 18-21
Borges oral & sete noites
A imortalidade

[...]
          Para nós, hoje, esses conceitos da alma e do corpo são suspeitos. Podemos fazer uma breve evocação da história da filosofia. Locke afirmou que só o que existe são percepções e sensações, e lembranças e percepções a respeito dessas sensações; que a matéria existe e os cinco sentidos nos dão notícia da matéria. E em seguida Berkeley afirma que a matéria consiste numa série de percepções, e que essas percepções são inconcebíveis sem uma consciência que as perceba. O que é o vermelho¿ O vermelho depende de nossos olhos, nossos olhos também são um sistema de percepções. Depois vem Hume, que refuta as duas hipóteses, e destrói a alma e o corpo. O que é a alma, senão algo que percebe, e o que é a matéria, senão algo percebido¿ Se, no mundo, os substantivos fossem suprimidos, ele ficaria reduzido aos verbos. Como diz Hume, não deveríamos dizer eu penso, porque “eu” é um sujeito; deveríamos dizer pensa-se, assim como dizemos chove. No caso dos dois verbos temos uma ação sem sujeito. Quando Descartes disse penso, logo existo, deveria ter dito: algo pensa, ou algo se pensa, porque “eu” supõe uma entidade e não temos o direito de supô-la. Seria preciso dizer: pensa-se, logo algo existe.
          Quanto à imortalidade pessoal, vejamos que argumentos a defendem. Citaremos dois. Fechner diz que nossa consciência – o homem – está equipada de uma série de anseios, apetências, esperanças, temores, que não correspondem à duração de sua vida. Quando Dante diz: n´el mezzo Del cammin di nostra vita, faz-nos lembrar que as Escrituras nos recomendavam setenta anos de vida. Assim, depois de completar 35 anos, teve aquela visão. Nós, no curso de nossos setenta anos de vida (infelizmente já ultrapassei esse limite; já estou com 78), sentimos coisas que não têm sentido nesta vida. Fechner pensa no embrião, no corpo antes de sair do ventre da mãe. Naquele corpo há pernas que não servem para nada, braços, mãos, nada disso tem sentido; são coisas que só podem ter sentido numa vida ulterior. Devemos pensar que o mesmo acontece conosco, que estamos cheios de esperanças, de temores, de conjecturas, e não precisamos de nada disso para uma vida puramente mortal. Precisamos do que os animais têm, e eles podem prescindir de tudo isso, que pode ser usado depois, em outra vida mais plena. É um argumento em favor da imortalidade.
         Citaremos o sumo mestre santo Tomás de Aquino, que nos legou esta sentença: Intellectus naturaliter desiderat esse semper (A mente espontaneamente deseja ser eterna, ser para sempre). Ao que poderíamos responder que ela também deseja outras coisas, muitas vezes deseja cessar. [...] Há uma estrofe do poeta francês Leconte de Lisle: “Libertai-o do tempo, do número e do espaço e devolvei-lhe o repouso que lhe haviam tirado”.
          Temos muitos anseios, entre eles o da vida, o de ser para sempre, mas também o de cessar, além do temor e de seu avesso: a esperança. Todas as coisas podem realizar-se sem imortalidade pessoal, não precisamos dela. Eu, pessoalmente, não a desejo e a temo; para mim seria horroroso saber que vou continuar, seria horroroso saber que vou continuar sendo Borges. Estou cansado de mim mesmo, de meu nome e de minha fama, e quero me libertar disso tudo.
          [...] Alimentamos a noção de que a imortalidade é privilégio de uns poucos, dos grandes. Mas cada um se considera grande, cada um tende a pensar que sua imortalidade é necessária. Eu não acredito nisso. Temos depois outras imortalidades que, acredito, são as importantes. Viriam a ser, em primeiro lugar, a conjectura da transmigração. Essa conjectura está em Pitágoras, em Platão. Platão via a transmigração como uma possibilidade. A transmigração serve para explicar aventuras e desventuras. Se somos venturosos ou desventurados nesta vida, isso decorre de uma vida anterior; estamos recebendo os castigos ou recompensas. Há uma coisa que pode ser difícil: se nossa vida individual, como acreditam o hinduísmo e o budismo, depende de nossa vida anterior, essa vida anterior por sua vez depende de outra vida anterior, e assim prosseguimos até o infinito para o passado.
         Já se disse que, se o tempo é infinito, o número infinito de vidas no passado é uma contradição. Se o número é infinito, como uma coisa infinita pode chegar até agora? Pensamos que, se um tempo é infinito, creio eu, esse tempo infinito tem de abarcar todos os presentes e, em todos os presentes, por que não este presente, em Belgrano, na Universidade de Belgrano, vocês comigo, juntos¿ Por que não também este tempo¿ Se o tempo é infinito, em qualquer instante estamos no centro do tempo.
          Pascal acreditava que, se o universo é infinito, é uma esfera cuja circunferência está em todos os lugares e o centro em nenhum. Por que não dizer que este momento tem atrás de si um passado infinito, um ontem infinito, e por que não pensar que este passado também passa por este presente¿ Em todos os momentos estamos no centro de uma linha infinita, em qualquer ponto do centro infinito estamos no centro do espaço, já que o espaço e o tempo são infinitos.
          Os budistas acreditam que vivemos um número infinito de vidas, infinito no sentido ilimitado, no sentido estrito da palavra, um número sem princípio nem fim, algo como um número transfinito da matemática moderna de Kantor. Neste momento estamos num centro – todos os momentos são centros – desse tempo infinito. Neste momento estamos conversando, vocês e eu: vocês refletem sobre o eu eu digo, estão ou não estão de acordo.
          A transmigração nos daria a possibilidade de uma alma que transmigrasse de corpo em corpo, tanto corpos humanos como vegetais.

Bernard Shaw disse God is in the making, “Deus está em processo”. Deus é algo que não pretence ao passado, que talvez não pertença ao presente: é a Eternidade. Deus é algo que pode ser futuro: se somos magnânimos, inclusive se somos inteligentes, se somos lúcidos, estamos ajudando a construir Deus.
Borges oral & sete noites, Companhia Das Letras, página 193
[...] a imortalidade é necessária, não a pessoal, mas essa outra imortalidade. Por exemplo, toda vez que alguém quer bem a um inimigo, aparece a imortalidade de Cristo. Nesse momento, ele é Cristo. Toda vez que repetimos um verso de Dante ou de Shakespeare somos, de alguma maneira, aquele instante em que Shakespeare ou Dante criaram aquele verso. No fim, a imortalidade está na memória dos outros e na obra que deixamos.

Dediquei estes últimos vinte anos à poesia anglo-saxônica, sei muitos poemas anglo-saxônicos de cor. A única coisa que não sei é o nome dos poetas. Mas que diferença faz¿ Que diferença faz se eu, ao repetir poemas do século IX, estou sentindo uma coisa que alguém sentiu naquele século? Aquela pessoa está vivendo em mim naquele momento, eu não sou aquele morto. Cada um de nós, é de alguma maneira, todos os homens que já morreram. Não só os do nosso sangue.
          Claro, herdamos coisas de nosso sangue. Eu sei – minha mãe me disse – que, toda vez que repito versos ingleses, repito-os com a voz de meu pai. (Meu pai morreu em 1938, que foi quando Lugones se matou.) Quando repito versos de Schiller, meu pai está vivendo em mim. As outras pessoas que ouviram, essas viverão em minha voz, que é um reflexo da voz de seus antepassados. Como faremos para saber¿ Ou seja, podemos acreditar na imortalidade.
         Cada um de nós colabora, de um modo ou de outro, neste mundo. Cada um de nós deseja que este mundo seja melhor e, se o mundo realmente melhora, eterna esperança; se a pátria se salva (por que a pátria não haveria de salvar – se?), seremos imortais nessa salvação, indiferentemente de nossos nomes serem ou não conhecidos. Isso é mínimo. O importante é a imortalidade. Essa imortalidade é obtida nas obras, na memória que deixamos nos outros. Essa memória pode ser ínfima, pode ser uma frase qualquer. Por exemplo: “Fulano de tal, melhor perdê-lo que encontrá-lo”. Não sei quem inventou esta frase, mas toda vez que a repito sou aquele homem. Que diferença faz que esse modesto compadrito tenha morrido, se ele vive em mim e em cada um que venha a repetir essa frase?
Borges oral & sete noites, Companhia Das Letras, página 33,  34

          O mesmo se pode dizer da música e da linguagem. A linguagem é uma criação, vem a ser uma espécie de imortalidade. Estou usando a língua castelhana. Quantos mortos castelhanos estão vivendo em mim¿ Não interessa minha opinião nem meu julgamento; não interessam os nomes do passado se estamos continuamente contribuindo para o futuro do mundo, para a imortalidade, para a nossa imortalidade. Essa imortalidade não tem porque ser pessoal, pode prescindir de nossa memória. Para que supor que vamos continuar em outra vida com nossa memória, como se eu continuasse pensando toda a vida em minha infância, em Palermo, em Adrogué ou em Montevidéu? Para que ficar o tempo todo voltando a isso¿ É um recurso literário; posso esquecer isso tudo e continuarei sendo, e tudo aquilo viverá em mim, mesmo que eu não fale nada a respeito. Talvez o mais importante seja o que não recordamos de maneira precisa, talvez o mais importante seja o que recordamos de forma inconsciente.
          Para concluir, direi que acredito na imortalidade: não na imortalidade pessoal, mas na cósmica. Continuaremos sendo imortais; para além de nossa morte física fica nossa memória, e para além de nossa memória ficam nossos atos, nossos feitos, nossas atitudes, toda essa maravilhosa parte da historia universal, mesmo que não o saibamos e é melhor que não saibamos.

Borges oral & sete noites, Companhia Das Letras, página  34, 35


O que é a eternidade? A eternidade não é a soma de todos os nossos ontens. A eternidade é todos os nossos ontens, todos os ontens de todos os seres inconscientes.